sexta-feira, 26 de novembro de 2010

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LHC cria mini Big Bangs e não destrói a Terra.


Simulação do resultado de uma colisão de íons de chumbo. O experimento ALICE está registrando as colisões reais, provavelmente muito parecidas com esta.

O mundo não acabou, de novo

Eram 21h30 deste domingo, dia 07 de Novembro, e tudo aconteceu rápido demais. Tão rápido que não havia nem um só catastrofista de plantão.
Primeiro, os cientistas arrancaram os elétrons de átomos de chumbo, transformando-os em íons. A seguir, aceleraram esses íons a velocidades altíssimas, e os fizeram colidir uns contra os outros.
O resultado foi que o homem finalmente conseguiu criar mini Big Bangs, reproduções em escala reduzida daquilo que deve ter acontecido quando nosso Universo foi criado.
Mas, ao contrário do que alguns poucos esperavam, o mundo não acabou.
Buracos negros do LHC
Tudo aconteceu dentro do LHC, que já foi chamado de Máquina do Fim do Mundo e de Máquina do Começo do Mundo.
Alguns físicos ganharam notoriedade passageira ao apregoarem que tais choques de partículas poderiam criar buracos negros que destruiriam a Terra.
Com tamanha controvérsia, talvez o grande destaque do feito inédito do LHC, ao menos nesse primeiro momento, devesse então ir para o que não aconteceu: os "buracos negros do LHC" não destruíram a Terra.
Mas será que alguém esperava mesmo por isso - além dos proponentes da ideia, é claro?
Na verdade, os físicos gostariam muito que essas colisões pudessem criar buracos negros microscópicos. Embora isso seja improvável - e esses micro buracos negros seriam pequenos demais para fazer qualquer estrago - seria uma descoberta muito interessante - veja Colisão de partículas pode de fato criar buracos negros.

Mini Big Bangs

O fato mais importante, contudo, é que as colisões de chumbo estão se dando como esperado e os detectores estão registrando os dados.
Os cientistas levarão meses para analisar todos esses dados - e só então será possível conhecer a que conclusões eles levam - mas há motivos para muito entusiasmo.
Ao serem acelerados ao longo dos 27 quilômetros do anel do LHC, os íons de chumbo alcançaram uma energia de 287 TeV (tera-elétron-Volts). Isto é muito mais alto do que a energia alcançada quando o LHC estava colidindo prótons porque os íons de chumbo contêm 82 prótons cada um.
Isto permitirá que os cientistas estudem o que existia quando o Universo tinha apenas alguns milionésimos de segundo de idade - veja LHC vai começar a estudar o Big Bang.
"Este processo ocorre em um ambiente seguro e controlado, gerando bolas de fogo incrivelmente quentes e densas, com temperaturas de mais de 10 trilhões de graus, um milhão de vezes mais quentes do que o centro do Sol," explica o Dr. David Evans, participante do experimento ALICE, especialmente projetado para estudar os mini Big Bangs.
O choque dos íons cria um estado da matéria chamado de plasma de quark-glúon, alcançando temperaturas de 10 trilhões de graus Celsius, quando os núcleos de chumbo derretem e esfacelam-se em seus elementos constituintes.
"Os físicos esperam aprender mais sobre a Força Forte, uma das quatro forças fundamentais da natureza. A Força Forte não apenas mantém coeso o núcleo dos átomos, mas é também responsável por 98% de sua massa," diz Evans.
Esse é, na verdade, um dos grandes problemas da física atual que a comunidade científica espera que o LHC ajude a resolver: de onde vem essa massa - veja mais em Em busca da "Partícula de Deus".
Para os que ficaram decepcionados com ao perder a oportunidade de encarar um buraco negro frente a frente, outros cientistas já propuseram uma receita para criar buracos negros em laboratório.
Detlef Kuchler, físico do CERN, mostra um pedaço da fonte de chumbo usada para criar os íons pesados que se chocam dentro do LHC.


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