terça-feira, 1 de março de 2011

Meteorito reforça tese sobre vida na Terra ter vindo do espaço

Um meteorito encontrado na Antártida fortalece o argumento de que a vida na Terra pode ter vindo do espaço, dizem cientistas.
Análises químicas do meteorito mostram que o material é rico em hidrocarbonetos e amônia, um componente químico formado por nitrogênio e hidrogênio, encontrado em proteínas e no DNA que forma a base da vida tal e qual conhecemos.
Os pesquisadores acreditam que esses elementos podem ter chegado à Terra por meio de meteoritos que caíram no planeta no passado, povoando o lugar com os ingredientes que faltavam para a criação da vida.
As conclusões se baseiam em uma análise de pouco menos de quatro gramas de pó extraído do meteorito Grave Nunataks 95229, batizado em referência ao local onde foi descoberto na Antártida em 1995.
Detalhes do estudo conduzido por uma equipe das universidades do Estado do Arizona e da Califórnia, ambas nos EUA, foram publicados na revista científica "Proceedings of the National Academy of Sciences".
"O estudo mostra que há asteróides no espaço que, ao se fragmentarem em meteoritos, podem ter caído sobre a Terra com uma mistura de componentes com propriedades atrativas, incluindo uma grande quantidade de amônia", disse a coordenadora da pesquisa, Sandra Pizzarello, da Universidade do Arizona.
Segundo ela, meteoritos podem ter fornecido à Terra uma quantidade suficiente de nitrogênio para fazer emergir a vida em seu estado primitivo.
CRIAÇÃO DA VIDA
Estudos realizados com o meteorito Murchison, que atingiu a Austrália em 1969, mostram que aquela rocha também é rica em componentes orgânicos.
Mas Pizzarello diz que o meteorito Murchison é "complexo demais" e contém moléculas de hidrocarbonetos mais propensas a serem encontradas em um período mais tardio da história da vida.
A teoria de que as "sementes" da vida na Terra foram trazidas por cometas ou asteróides resulta, em parte, da tese de que nosso planeta, em seu período formativo, não continha o estoque necessário de moléculas simples para ativar os processos que deram início à vida primitiva.
Esses processos poderiam ter ocorrido no chamado "cinturão de asteróides" entre Marte e Júpiter, longe do calor e da pressão de planetas em formação.
Colisões entre os asteróides dentro deste cinturão teriam produzido os meteoros que viajaram pelo nosso sistema solar e, ocasionalmente, terminaram carregando seu material para a Terra.
A especialista em meteoros Caroline Smith, do Museu de História Natural de Londres, concorda que um importante elemento no novo estudo é a detecção de nitrogênio. Mas ela questiona se a quantidade encontrada no meteorito da Antártida se repete em outras ocasiões.
"Um dos problemas em relação à biologia primitiva na Terra tem a ver com a necessidade de nitrogênio em abundância para deslanchar todos esses processos pré-biológicos", ela explica.
"O nitrogênio está presente na amônia. Mas há uma série de evidências que apontam que a amônia não existia em abundância no início da Terra. Então de onde veio?", questiona.
O fator específico que levou ao nascimento da vida na Terra permanece um mistério. Uma das hipóteses aventadas pela professora Pizzarello é que materiais provenientes de meteoritos tenham interagido com ambientes como vulcões e piscinas formadas pelas marés oceânicas.
Mas ela ressalvou que todas as hipóteses ainda estão no campo da especulação. "Encontramos esses materiais extraterrestres em meteoritos que contêm o que precisamos (para chegar a uma explicação) mas, quando chegamos em questões como 'como e 'por que', ninguém sabe", afirma.
"O único que podemos dizer é que sim, parece que ambientes extraterrestres podem ter trazido o material."

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