quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

China mira Lua para se tornar próxima superpotência espacial

O governo da China confirmou nesta quinta-feira (29) que em menos de cinco anos levará pela primeira vez um veículo não tripulado à superfície da Lua.
Esse seria um primeiro passo para que mais adiante seus astronautas pisem o satélite e o país siga os passos dos americanos e dos russos para se tornar a nova superpotência espacial.
O objetivo consta no "Livro Branco sobre as Atividades Espaciais de 2011", um documento do executivo chinês apresentado hoje em entrevista coletiva.
No texto, o governo estabelece outras metas da corrida espacial chinesa até 2015.
Dessa forma, indica que o programa lunar (um dos ramos mais importantes da investigação espacial chinesa, junto dos voos tripulados e dos projetos para uma estação permanente no Cosmos) será centrado no desenvolvimento de uma tecnologia que mais tarde permita levar astronautas à Lua.
A China já conseguiu que dois de seus satélites chegassem até a órbita lunar, em 2007 e 2010, embora as sondas simplesmente tenham servido para recolher informações fotográficas e estavam programadas para retornar depois ao planeta Terra.
As sondas cumpriram a primeira etapa do programa, destaca o documento, detalhando que em meia década deverá ter início a segunda fase (o mencionado pouso na superfície da Lua e passeios tripulados no satélite) para que a terceira inclua o recolhimento de material lunar e retorno à Terra dos veículos.
Não há data fixa para a chegada do satélite terrestre dos primeiros "taikonautas" (apelido com o qual frequentemente se alude aos astronautas chineses, já que espaço em mandarim é "taikong).
Levando em conta que a China parece dividir este programa em fases de cinco anos, este fato histórico poderia ocorrer entre 2020 e 2025, meio século depois dos EUA, o primeiro país a alcançar essa façanha.
A prospecção lunar é talvez a parte de maior destaque dos futuros planos espaciais da China, mas não a única: o Livro Branco assinala que o país também continuará programas de prospecção de planetas e asteroides, do Sol e de buracos negros, entre outros corpos celestiais.
Também conduzirá experiências sobre microgravidade e vida no espaço e promoverá a cooperação internacional no estudo do Universo, assinalou, lembrando que já colaborou neste sentido com países como a Rússia e a Austrália.
Ao mesmo tempo, a China, que nesta semana também iniciou o funcionamento da "Bússola", seu sistema de posicionamento alternativo ao GPS americano, garantiu que nos próximos cinco anos aumentará o controle do lixo espacial e dos sistemas de alarme quando esses fragmentos caírem na superfície terrestre.
O Conselho de Estado insiste no documento que a prospecção espacial "é uma importante parte da estratégia geral de desenvolvimento da nação" o período de 2011-2015, no qual a China procura seguir ascendendo em seu caminho a ser um país desenvolvido, com a inovação tecnológica como prioridade.
Esta corrida preocupa, no entanto, como na época ocorreu com a missão soviética, a principal potência espacial atual, os EUA, onde alguns políticos, oficiais do Exército e meios de comunicação veem com receio o caráter totalmente militar do programa espacial chinês.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país asiático, Hong Lei, quis nesta quinta-feira responder a esses temores, assegurando em entrevista coletiva que a China "sempre ressalta que seu objetivo é fazer uso pacífico do espaço, e procura cooperar internacionalmente neste campo".
A China colocou seu primeiro astronauta no espaço em 2003 e desde então alcançou outros objetivos, como o primeiro "passeio" de um de seus astronautas fora da nave (2008) e o primeiro acoplamento de dois veículos (no mês passado), passo-chave para sua futura estação espacial permanente.
Para os especialistas, a China ainda está em uma fase muito preliminar no que diz respeito às tecnologias espaciais, comparável aos EUA e à extinta URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) nos anos 60, mas avança de forma mais rápida do que fizeram na época as duas superpotências da Guerra Fria em sua corrida espacial.

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