segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Cientistas descobrem planeta potencialmente habitável 'perto' da Terra

Wolf 1061c foi identificado por pesquisadores australianos e pode até ter água em estado líquido.

O planeta com a órbita do meio, Wolf 1061c é potencialmente habitável e pode até ter água em estado líquido  (Foto: UNSW/Imagem simulada com Universe Sandbox 2/universesandbox.com)
O planeta com a órbita do meio, Wolf 1061c é potencialmente habitável e pode até ter água em estado líquido (Foto: UNSW/Imagem simulada com Universe Sandbox 2/universesandbox.com)

Cientistas australianos identificaram um exoplaneta potencialmente habitável a 14 anos-luz da Terra - distância relativamente curta no espaço.
Pesquisadores da Universidade de Nova Gales do Sul descobriram que o planeta, que tem mais de quatro vezes a massa da Terra, é um dos três que orbitam a estrela-anã Wolf 1061.
"É uma descoberta particularmente animadora pois todos os três planetas têm uma massa baixa o bastante para serem potencialmente rochosos e de superfície sólida. E o planeta do meio, Wolf 1061c, está na zona (chamada de) 'Cachinhos Dourados', onde pode ser viável a existência de água em estado líquido - e talvez até vida", afirmou um dos autores do estudo, Duncan Wright.
A estrela-anã Wolf 1061, que os três planetas descobertos orbitam, é relativamente fria e estável. Os planetas têm orbitas de cinco, 18 e 67 dias.
As massas são pelo menos 1,4, 4,3 e 5,2 vezes a da Terra, respectivamente.
O planeta maior fica de fora do limite da área habitável e provavelmente também é rochoso, enquanto que o planeta menor está perto demais da estrela para ser habitável.
Gliese
Robert Wittenmyer, que também participou da pesquisa, disse à BBC Brasil que a descoberta da super-Terra é tão importante quanto à de outro planeta potencialmente habitável fora de nosso Sistema Solar, Gliese 667Cc.
Anunciado em fevereiro de 2012, o Gliese 667Cc é outro planeta da classe super-Terra, uma classe de planetas com o tamanho entre os de planetas rochosos como Terra e Marte e os gigantes gasosos Júpiter e Saturno.
O Gliese 667Cc tem cerca de 4,5 vezes a massa da Terra, demora 28 dias para completar a órbita em volta de sua estrela e está a 22 anos-luz.
Pequenos planetas rochosos são abundantes em nossa galáxia, e sistemas com muitos planetas também parecem ser comuns. No entanto, a maioria dos exoplanetas rochosos descobertos até agora estão a centenas - ou até milhares - de anos-luz.

A localização da estrela Wolf 1061  (Foto: BBC/Universidade de Nova Gales do Sul)
A localização da estrela Wolf 1061 (Foto: BBC/Universidade de Nova Gales do Sul)

Atmosfera
Wittenmyer afirmou à BBC Brasil que a equipe de cientistas só poderá analisar a atmosfera do planeta quando ele passar em frente à estrela.
"Vamos usar nosso telescópio Minerva para procurar por trânsitos em fevereiro, quando a estrela poderá ser observada de novo. Se (o planeta) transitar (em frente à estrela) será a melhor chance, pois (o sistema) está tão perto (da Terra)."
O cientista afirma que, caso eles consigam observar o planeta em trânsito em frente à estrela Wolf 1061, eles poderão medir seu raio, densidade e atmosfera.
A equipe da Universidade de Nova Gales do Sul conseguiu fazer a descoberta observando a estrela-anã com instrumentos específicos do Observatório Europeu do Sul em La Silla, no Chile.
"Nossa equipe desenvolveu uma nova técnica que melhora a análise de dados deste instrumento preciso, construído para a caça de planetas, e nós estudamos mais de uma década de observações da Wolf 1061", disse o professor Chris Tinney, chefe do setor de Ciência Exoplanetária da universidade australiana.
"Estes três planetas bem do nosso lado se juntam ao pequeno porém crescente grupo de mundos rochosos potencialmente habitáveis orbitando estrelas próximas mais frias que nosso Sol", acrescentou.
"É fascinante observar a vastidão do espaço e pensar que uma estrela tão próxima de nós - um vizinho próximo - pode ter um planeta habitável", afirmou Duncan Wright.

Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/12/cientistas-descobrem-planeta-potencialmente-habitavel-perto-da-terra.html

Natal terá Lua Cheia pela primeira vez desde 1977

Próximo Natal com Lua Cheia será apenas em 2034.
Pico será às 9h11 pelo horário de Brasília.


Lua cheia é vista da Cidade do México na noite de terça-feira (7) (Foto: Marco Ugarte/AP)
Lua cheia (Foto: Marco Ugarte/AP)

Neste ano o Natal será de Lua Cheia. Isso não acontece desde 1977 e voltará a ocorrer apenas daqui a 19 anos, em 2034, segundo a Nasa, a agência espacial americana.

A Lua Cheia de dezembro, que é a última do ano, é chamada no hemisfério norte de Lua Cheia Fria. Isso porque ela ocorre no começo do inverno naquela região.

Segundo a Nasa, o pico da Lua Cheia no dia de Natal será às 6h11 no horário de Nova York, 9h11 pelo horário de Brasília.

“Quando nós olhamos para a Lua numa ocasião dessas, vale lembrar que a Lua é mais do que um corpo celeste vizinho”, diz John Keller, cientista da Nasa em comunicado. “A história geológica da Lua e da Terra são intimamente ligadas, de modo que a Terra seria um planeta totalmente diferente sem a Lua”.

Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/12/natal-tera-lua-cheia-pela-primeira-vez-desde-1977.html

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Satélite a quase 2 milhões de km da Terra captura imagem inédita de eclipse lunar

Espaçonave tem câmera sempre focada na face iluminada da Terra, e registrou imagem ao mirar na Lua para calibragem do equipamento.

Um satélite americano estacionado a um milhão de milhas (1,6 milhão de km) da Terra conseguiu um registro único de um eclipse lunar (Foto: BBC)
Um satélite americano estacionado a um milhão de milhas (1,6 milhão de km) da Terra conseguiu um registro único de um eclipse lunar (Foto: BBC)

Um satélite americano estacionado a um milhão de milhas (1,6 milhão de km) da Terra conseguiu um registro único de um eclipse lunar. Veja o vídeo.
Lançada em fevereiro, a espaçonave DSCOVR tem uma câmera focada constantemente na face iluminada da Terra.
As imagens são usadas para rastrear elementos móveis, como nuvens e tempestades de areia, e para monitorar o clima.
Mas, em 27 de setembro, o satélite estava na exata posição para ver a Lua passar atrás da Terra e por sua sombra.
Em solo, observadores do céu viram o corpo lunar se transformar em uma sombra vermelha. Isso ocorre porque alguma luz solar ainda atinge a superfície da Lua após ser filtrada pela atmosfera terrestre.
"Nossa câmera é normalmente focada na Terra, mas usamos a Lua para calibragem", disse Jay Herman, o principal investigador da Nasa (agência espacial americana) no sistema de câmeras do DSCOVR, chamado Epic.
"Isso é o que estávamos fazendo naquele momento. Estávamos focando na Lua e a Terra entrou na frente cerca de quatro horas antes de o eclipse ser visto em nosso planeta. Isso é porque estávamos em uma posição angular, bem ao lado da linha Sol-Terra."

 As nuvens produzidas por navios no Pacífico podem ser vistas a um milhão de milhas de distância  (Foto: NASA)
As nuvens produzidas por navios no Pacífico podem ser vistas a um milhão de milhas de distância (Foto: NASA)

A Terra está em rotação quando passa. É algo único porque você pode observar o movimento das nuvens", disse Herman durante encontro da União Americana de Geofísica, em São Francisco (EUA).
Relatórios mostram que o satélite DSCOVR está em ótimo estado.
Um de seus objetivos é mapear o comportamento das nuvens. Os diferentes filtros de onda do sistema permitem estimar a altura das nuvens. Isso é importante para monitorar sistemas meteorológicos e entender o impacto das nuvens no clima. Algumas ajudam a resfriar o planeta ao refletir a luz solar de volta para o espaço, enquanto outras esquentam a Terra ao conservar calor.
Neste trabalho, o sistema Epic já detectou coisas inesperadas, como o rastro de navios. Não são as ondas produzidas por embarcações, mas as nuvens que seus sistemas de exaustão lançam na atmosfera.
"Foi surpreendente para nós poder observar isso a um milhão de milhas, e as imagens são melhores quando usamos um comprimento de onda maior, porque isso fornece um maior contraste com a escuridão do oceano", disse Alexander Marshak, cientista do projeto.
Um dos instrumentos do satélite, hoje em fase de testes, é um radiômetro que mede o total de energia solar refletida na Terra, bem como o calor emitido pelo planeta.
Principal investigador dos dados fornecidos por esse equipamento, Steven Lorentz, do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA, diz que a quantidade de energia solar refletida depende dos continentes e oceanos em foco. A Terra refletia mais calor, segundo ele, quando a África estava em foco (superfícies terrestres são mais brilhantes do que superfícies marítimas), e a Antártica também ficava visível durante o verão no hemisfério sul.
"Os dois polos do planeta aparecem de forma muito visível nos dados. Quando a Terra está inclinada nesta ou naquela direção, isso faz realmente diferença no albedo planetário (poder de reflexão da luz solar). Isso só reforça a importância do gelo para o clima, porque se os polos não estivessem ali, ou se diminuírem, a quantidade de energia (calor) no sistema irá aumentar."
Segundo outro membro do projeto, o cientista Adam Szabo, as medições do satélite não são novidade, pois também são feitas por equipamentos que orbitam a Terra. A vantagem está, diz, no posicionamento do DSCOVR.
"Posicionado entre o Sol e a Terra, o satélite enxerga toda a face iluminada da Terra todo o tempo, permitindo à Terra rotacionar em torno do equipamento em vez de o satélite girar ao redor do planeta."

 Esta é a face da Terra, com a África e a Antártica, que reflete a maior quantidade de energia solar  (Foto: NASA)
Esta é a face da Terra, com a África e a Antártica, que reflete a maior quantidade de energia solar (Foto: NASA)

Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/12/satelite-a-quase-2-milhoes-de-km-da-terra-captura-imagem-inedita-de-eclipse-lunar.html

A lua com gêiseres de vapor que pode ter a melhor condição para vida depois da Terra

Sonda lançada em 1997 revelou dados surpreendentes em Enceladus, em órbita de Saturno, com 'sistema de encanamento' de jatos d'água que podem dar suporte à vida microbial.

O "encanamento" dos jatos de vapor de Enceladus leva a um oceano subterrâneo que pode atingir 40 km de profundidade  (Foto: Nasa)
O "encanamento" dos jatos de vapor de Enceladus leva a um oceano subterrâneo que pode atingir 40 km de profundidade (Foto: Nasa)

A sonda Cassini, um projeto conjunto da Agência Espacial Europeia (ESA na sigla inglesa) e da Agência Espacial americana (Nasa), fez descobertas incríveis em Saturno, mas nenhuma supera as revelações extraordinárias sobre Enceladus.
O que esse satélite movido a plutônio já viu nessa lua congelada de 500 km de diâmetro é surpreendente.
A Cassini detectou grandes jatos de vapor d'água e outros materiais jorrando de rachaduras no polo sul da lua de Saturno.
É um espetáculo único no Sistema Solar, afirma Carolyn Porco, que coordena o sistema de câmeras da espaçonave.
"Brincamos entre a nossa equipe que encontramos o 'parque interplanetário de gêiseres de Enceladus', e que gerações futuras poderão ir para lá em férias", afirmou.
Mas pesquisadores não estão brincando ao afirmar que esse pequeno mundo está entre os melhores locais para se buscar vida fora da Terra.
O "encanamento" dos jatos de vapor leva a um amplo reservatório de água que pode atingir até 40 km de profundidade.
Os instrumentos da Cassini puderam mostrar, sobrevoando e analisando as emissões de materiais, que as condições e a química desse oceano subterrâneo podem dar suporte à vida microbial.
Há fortes indícios de que a água esteja interagindo com rochas no leito do oceano, para produzir o tipo de coquetel de nutrientes que poderia alimentar pequenos organismos.
"Eu me interesso há décadas pela busca por vida no Sistema Solar e ainda estou espantado com o que estamos vendo em Enceladus. É um pequeno mundo tão distante da Terra, expelindo uma riqueza de material orgânico, água e indícios de habitabilidade. É surpreendente, e as amostras estão bem ali, livres para coleta", disse Chris McKay, astrobiólogo da Nasa.
Mas mesmo com toda sua capacidade, a Cassini, com sua tecnologia dos anos 1980 e 1990, não pode comprovar em definitivo a presença de micróbios sob a superfície gelada de Enceladus. A sonda foi lançada em outubro de 1997 e chegou a Saturno em julho de 2004.
Para isso, seria preciso um outro tipo de satélite, com sensores especiais.
A Cassini irá fazer uma última manobra de aproximação da lua na próxima semana para coletar uma leva final de imagens detalhadas da superfície.
Depois irá se deslocar pelo sistema de Saturno em preparação para observações finais do planeta dos anéis.
Então estamos quase dando adeus a Enceladus, e - claro - isso já motiva conversas sobre como podermos voltar um dia com equipamentos mais potentes.
O "encanamento" dos jatos de vapor de Enceladus leva a um oceano subterrâneo que pode atingir 40 km de profundidade
Jonathan Lunine é um cientista interdisciplinar na missão Cassini na Universidade Cornell, nos EUA. Ele desenvolveu um conceito para uma espaçonave que chamou de ELF (Enceladus Life Finder, ou localizador de vida de Enceladus, em tradução livre).
Seria uma sonda menor do que o satélite gigante que hoje orbita Saturno, mas a perda em tamanho (e custo) seria compensada pela sofisticação.
Seus instrumentos seriam voltados à análise do conteúdo dos jatos de vapor para verificar qualquer componente químico associado a processos biológicos.
"Com espectrômetros de massa potentes, poderíamos detectar e identificar aminoácidos (matéria prima das proteínas)", afirma.
"Teríamos capacidade de detectar ácidos graxos presentes em membranas de células de bactérias; e seus 'primos', os chamados isoprenóides, que estão na membrana das arqueobactérias, esses micróbios que habitam ambientes extremos da Terra.
"Também poderíamos contar o número de carbono dos jatos para verificar se seguem o padrão de vida. E finalmente mediríamos os isótopos (espécies do mesmo elemento químico, de mesmo número atômico e diferentes números de massa) de todo o carbono, nitrogênio e oxigênio, para ver se a química é parecida com a que ocorre na Terra, onde organismos preferem os isótopos mais leves ao processar esse material em seus sistemas."
Desafios futuros
O ELF foi submetido a uma competição recente da Nasa para selecionar missões planetárias futuras, mas não foi escolhido. Um dos problemas em empreitadas desse tipo é a disponibilidade de energia em um ponto tão longe do Sol (1,4 bilhão de km).
A sonda Cassini utiliza uma "bateria nuclear", movida a plutônio-238, para todas as suas demandas de energia. Essa fonte é cara e hoje praticamente não existe mais - o isótopo não existe naturalmente e parou de ser fabricado após o fim da corrida nuclear no mundo.
Painéis solares são uma opção, porém o desafio é grande: a intensidade da luz do Sol em Enceladus é um centésimo da que atinge a Terra.
Apesar disso, a possibilidade de voltar a essa lua branca e brilhante de Saturno é tão instigante que um caminho certamente será descoberto. Não só porque Enceladus é um dos melhores lugares para a busca de vida extraterrestre - é também o mais fácil.
A sonda Cassini, com tecnologia dos anos 1980 e 1990, não pode comprovar em definitivo a presença de vida em Enceladus
Diferentemente de Marte ou de Europa (lua de Júpiter), em Enceladus não há necessidade de pouso e perfuração do solo para coleta e análise de amostras. As amostras são permanentemente lançadas no espaço pelos jatos do polo sul.
Peter Tsou, do laboratório de propulsão de foguetes do Instituto de Tecnologia da Califórnia, tem um projeto para trazer essas amostras de volta à Terra para avaliação mais detalhada em laboratórios de ponta.
Sua missão se baseia no modelo da sonda Stardust da Nasa, que em 2006 coletou amostras de poeira de estrelas e cometas.
Naquela ocasião, Tsou usou um arranjo de espuma de dióxido de silício, chamado aerogel, para coletar as amostras enquanto a sonda Stardust voava por nuvens de gás e poeira dos objetos.
"Na Stardust, eu lancei aerogel em cubos de 2x4x3 cm. Tinha 132 deles. E descobri que um ou dois cubos já davam conta do recado", recorda.
"Então não precisamos de muitos (cubos de aerogel). Contudo, o desafio é a dimensão reduzida das amostras, e que estamos tratando de vida. Qualquer contaminação da Terra pode arruiná-las, porque poderíamos descobrir (após a análise) 'É a minha saliva!'", afirma.
Tsou calcula que uma missão de coleta de amostras de Enceladus poderia levar 14 anos, do lançamento à presença de material lunar em um laboratório na Terra.
Origem da vida
"Se descobrirmos vida em um lugar como Enceladus obviamente será algo simples, como vida microbiana", afirma Carolyn Porco.
"Claro que seria fascinante se descobríssemos lagostas; quem sabe? Talvez", afirma a pesquisadora. "Mas estamos mirando em algo simples, apenas provas de vida microbiana."
"Seria uma mudança de paradigma. Qual o tipo de vida que existe ali? É como a vida na Terra ou não? É baseada no DNA ou não? Seria uma descoberta enorme, provavelmente a maior descoberta científica que possamos fazer. Temos que voltar."
Para Jonathan Lunine, se Enceladus revelar sinais de vida, isso trará a certeza de que "a vida teve uma segunda origem".
"Mas isso também nos permitirá, acredito, mover nossa atenção para a galáxia, e perceber que se a vida pode começar duas, três ou quatro vezes em nosso próprio Sistema Solar, quantos planetas habitáveis na galáxia devem ter vida hoje?"

''Brincamos entre a nossa equipe que encontramos o 'parque interplanetário de gêiseres de Enceladus', e que gerações futuras poderão ir para lá em férias"

          Carolyn Porco, coordenador do sistema de câmeras da sonda Cassini
 

Cientistas desvendam 'maior mistério do Sistema Solar' em 2015: as manchas de Ceres

Intrigantes pontos brilhantes em planeta anão, o maior do cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter, foram esclarecidos após observações de sonda da Nasa.

Cratera Occator tem o grupo mais impressionante de pontos brilhantes de Ceres  (Foto: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA)
Cratera Occator tem o grupo mais impressionante de pontos brilhantes de Ceres (Foto: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA)

Foi o grande mistério do Sistema Solar em 2015: o que são as manchas luminosas de Ceres, o maior objeto do cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter? Os cientistas acreditam ter encontrado algumas respostas.
São locais em que os impactos de corpos celestes perfuraram uma camada congelada de água salgada sob a superfície do pequeno planeta anão (cerca de 950 km de diâmetro), disseram pesquisadores à revista Nature.
As partes mais brilhantes correspondem aos impactos mais recentes.
A câmera da sonda Dawn, da Nasa (agência espacial americana), identificou cerca de 130 focos brilhantes no planeta. De longe, o grupo mais chamativo fica em uma cratera denominada Occator, no hemisfério norte de Ceres.
Quando a sonda entrou na órbita de Ceres, a câmera estava programada para registrar o que costuma ser uma superfície escura, negra como asfalto.
Por isso, as depressões superbrilhantes dentro de Occator saturaram o sensor do equipamento.
"Nós dissemos: 'Uau, o que é isso?' Não esperávamos algo assim", lembra o pesquisador Andreas Nathues.
"A reflexividade estava em nível 0.25, ou seja, cerca de 25% da luz se refletia. E no centro no núcleo interno (das manchas de Occator) chegava a 50%, 60%", disse o cientista do Instituto Max Planck, na Alemanha. "Enquanto a superfície restante era bem mais escura, com média de 9% de reflexividade."
Gelo e sal em todo o planeta
Uma investigação posterior indica agora que há uma camada de gelo e sal em todo o planeta, abaixo dos escombros rochosos que o cobrem.
Quando um objeto do espaço impacta e penetra nessa camada, o gelo começa a se sublimar (passa diretamente do estado sólido ao gasoso).
Esse vapor liberado escapa da superfície, levantando partículas de gelo e pó, o que produz uma espécie de névoa.
A sonda Dawn observou essa névoa durante o "dia", e a conclusão é que as manchas desaparecerão à medida que o gelo se derreta e sobre apenas sal.
A Dawn identificou indícios da presença de sulfato de magnésio hidratado, conhecido como sais de Epsom, mas a substância não é tão reflexiva como o gelo.
A emissão de água, que corrobora observações de Ceres feitas em 2013 pelo telescópio espacial Herschel, é uma reminiscência de cometas, que entram em sublimação quando se aproximam do Sol.
"É um pouco como um cometa, mas é preciso entender que Ceres é um objeto diferenciado. Tem uma estrutura de concha", afirmou Nathues à BBC.
"É muito provável que haja uma concha de gelo debaixo da casca. Essa estrutura é completamente diferente da dos cometas. Os cometas são objetos primitivos cheios de materiais originais que se alteram muito sutilmente."

Câmera da sonda Dawn identificou cerca de 130 focos brilhantes em Ceres  (Foto: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA)
Câmera da sonda Dawn identificou cerca de 130 focos brilhantes em Ceres (Foto: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA)

Origem distante
Em artigo na revista Nature, María Cristina De Sanctis levanta a possibilidade de que Ceres não tenha sido formado no lugar em que está hoje (a 417 milhões de quilômetros do Sol), porém muito mais distante no Sistema Solar.
A pesquisadora observou resultados do espectrômetro de sinais visíveis e infravermelhos da sonda Dawn. O aparelho detectou possíveis filosilicatos amoniacais em grandes extensões do planeta anão.
Os filosilicatos são minerais de argila, produzidos quando materiais rochosos sofrem ação da água por muito tempo.
Contudo, a presença de amoníaco é o ponto interessante neste caso.
"Esses são filosilicatos que possuem algum amoníaco em sua estrutura, o que significa que o amoníaco deve ter estado disponível em algum momento. A única maneira de que isso tenha sido possível é que o material tenha tido uma origem mais fria", afirmou De Sanctis, do Instituto Nacional de Astrofísica, em Roma.
A hipótese vem do reconhecimento de que cristais de amoníaco não seriam estáveis na órbita atual de Ceres ao redor do Sol. Esse material desaparece rapidamente quando a temperatura supera -173ºC.
Deste modo, para que Ceres tenha retido tanto amoníaco ou gelo rico em nitrogênio por tempo suficiente para que se incorporasse ao solo, é provável que o planeta tenha ocupado um ponto muito mais frio no passado, afirmou a pesquisadora.
"É uma possibilidade fantástica, e coincide com modelos dinâmicos da evolução do Sistema Solar que preveem que os objetos migrem até o interior do sistema", disse.

Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/12/cientistas-desvendam-maior-misterio-do-sistema-solar-em-2015-as-manchas-de-ceres.html

Estudo desvenda origem de luzes misteriosas de planeta-anão Ceres

Pontos de luz captados por câmera de sonda da Nasa intrigavam cientistas. Sonda Dawn orbita planeta-anão desde março deste ano. 

Imagens de sobrevoo destacam a cratéria Occator, ponto brilhante na superfície de Ceres (Foto: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA)
Imagens de sobrevoo destacam a cratéria Occator, ponto brilhante na superfície de Ceres (Foto: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA)

A presença de pontos luminosos no planeta-anão Ceres vinha intrigando cientistas desde que a sonda Dawn, da Nasa, começou a se aproximar do corpo celeste e a fazer imagens de sua superfície em março. Nesta quarta-feira (9), um estudo publicado na revista "Nature" revelou o que está por trás das luzes misteriosas.
Segundo a Nasa, Ceres tem mais de 130 pontos luminosos. Análises das imagens revelaram que essas regiões são compostas muito provavelmente por um tipo de sal: sulfato de magnésio. Os pesquisadores acreditam que essas áreas ricas em sal foram formadas quando, no passado, impactos de asteroides revelaram uma mistura de gelo e sal que estava em uma camada inferior do solo. A sublimação desse gelo deixou apenas o sulfato de magnésio no local.
Os resultados da análise indicam que Ceres é o primeiro corpo celeste grande no cinturão de asteroides a apresentar atividade de sublimação como a de cometas.
A sonda Dawn, uma missão de US$ 473 milhões da Nasa, está orbitando ao redor de Ceres desde março. O planeta-anão, que tem 940 km de diâmetro, orbita ao redor do Sol entre Marte e Júpiter.