sábado, 27 de fevereiro de 2016

Cientistas identificam origem de explosão misteriosa de ondas de rádio no Universo

A descoberta da galáxia onde ocorreu uma das chamadas explosões rápidas de rádio é um momento-chave no estudo desses fenômenos.

A galáxia de origem está no centro desta imagem em negativo e colorida artificialmente, registrada pelo telescópio Subaru (Foto: BBC/J Cooke Swinburne)
A galáxia de origem está no centro desta imagem em negativo e colorida artificialmente, registrada pelo telescópio Subaru (Foto: BBC/J Cooke Swinburne)

Cientistas rastrearam pela primeira vez a fonte de uma "explosão rápida de rádio" - uma explosão fugaz de ondas de rádio que, neste caso, veio de uma galáxia a 6 bilhões de anos-luz de distância.
A causa desse grande flash, apenas o 17º detectado na história, ainda é um mistério, mas descobrir a galáxia de origem é um momento-chave no estudo desses fenômenos.
A equipe também conseguiu medir a quantidade de matéria que entrou no caminho dessas ondas - fazendo, desta maneira, uma espécie de "pesagem do Universo".
Os resultados do trabalho foram publicados na revista especializada Nature.
Despertar
Explosões rápidas de rádio (FRBs, na sigla em inglês) duram apenas milissegundos, mas lançam tanta energia no espaço - na forma de ondas de rádio - quanto o nosso Sol emite em dias ou até semanas.
Para rastrear a origem desse sinal específico, uma equipe internacional fez um trabalho ágil de detetive, com múltiplos telescópios que acabaram conseguindo uma imagem da galáxia em luz visível.
O coordenador do estudo, Evan Keane, programou um sistema de alarme para detectar essa enxurrada de atividade espacial, transmitindo dados em tempo real do radiotelescópio de Parkes, na Austrália, a um supercomputador.
"O objetivo era reduzir o intervalo, de meses para nada, entre as ondas atingindo o disco (do telescópio) e até sabermos desse impacto", afirmou.
Deste modo, quando uma dessas explosões misteriosas atingiu o famoso disco de 64 metros do radiotelescópio de Parkes, os alarmes soaram e e-mails rapidamente circularam pelo planeta.
A título de comparação, a primeira explosão rápida de rádio atingiu o mesmo equipamento em 2001, mas só foi reportada em 2007.
"Há uma década, não estávamos de fato procurando essas ondas - e a nossa capacidade de manusear esses dados e buscá-los em tempo hábil era muito mais restrita", afirma Keane.
"Já nessa última vez eu fui acordado por vários telefonemas segundos depois de o fato ter ocorrido, com pessoas gritando: 'acorde, houve uma FRB!"
Duas horas depois, os seis discos de 22 metros de outro telescópio da Austrália, o Compact Array, a cerca de 400 km de Parkes, já estavam em busca do pedaço do céu responsável pela explosão.
Eles identificaram um resquício da explosão, que demorou seis dias para desaparecer. Era muito mais fraca do que a explosão em si, mas permitiu à equipe ampliar a fonte da explosão com precisão mil vezes maior do que antes.
Sabendo exatamente para onde olhar, a equipe passou a fazer buscas em luz ótica, usando o telescópio Subaru no Havaí, gerenciado pelo Observatório Astronômico do Japão.

O sinal de rádio (no destaque em preto e branco) chega em diferentes momentos e em diferentes comprimentos de onda. (Foto: BBC/David Kaplan Evan Keane)
O sinal de rádio (no destaque em preto e branco) chega em diferentes momentos e em diferentes comprimentos de onda. (Foto: BBC/David Kaplan Evan Keane)

"Bem no ponto onde o Compact Array disse que poderia haver algo, havia uma galáxia", disse Keane.
Uma análise detalhada dos dados do Subari revelou que a galáxia era elíptica - um agrupamento não-esférico de estrelas longe de seu auge, em termos galácticos.
Peso cósmico
"Isso não é o que esperávamos", afirmou o coautor do estudo Simon Johnston, chefe de astrofísica do órgão que opera os telescópios na Austrália.
Se a galáxia de origem é velha, então é mais provável que a explosão tenha sido causada por uma fusão de estrelas mortas do que, por exemplo, pelo brilho de uma supernova, corpo celeste normalmente originado da explosão de uma estrela de alta massa.
"Pode significar que a FRB pode resultar da colisão de duas estrelas de nêutrons, mais do que algo que tenha a ver com o nascimento de estrelas", disse Johnston, para quem a descoberta apenas "abre o caminho" da pesquisa sobre a causa dessas explosões.
Eventos estelares
Apesar de especulações ocasionais, astrônomos são confiantes ao afirmar que as explosões rápidas de rádio têm origem em eventos estelares extremos, e não em civilizações alienígenas.
Mas radiotelescópios vasculham os céus há décadas e alguns de seus achados são difíceis de explicar.
Ter uma imagem ótica de uma galáxia permite a astrônomos calcular sua distância da Terra, a partir da alteração da frequência da luz (redshift, na expressão em inglês) quando observada em função da velocidade relativa entre a origem e o observador.
Com essa distância estimada, a equipe pôde fazer exercícios em cosmologia.
Em uma explosão rápida de rádio, explica Keane, os comprimentos de onda curtos chegam primeiro do que os longos.
"Isso se dá porque o sinal colide com partículas e poeira cósmica no caminho, o que causa um ligeiro atraso. Mas se você viaja 6 bilhões de anos-luz, o atraso se acumula. Se temos um segundo de atraso na jornada, significa que o sinal passou por muitas partículas."
Então os pesquisadores usaram, pela primeira vez, um sinal remoto de rádio para calcular a densidade da porção do cosmos no caminho. "É basicamente como pesar o Universo."
A pesagem cósmica da equipe teve um resultado interessante para o modelo atual de entendimento do Universo. Correspondeu à quantidade de coisas que esperamos da fatia de 5% do Universo que deve, de fato, ser matéria.
Os outros 95% (25% de matéria escura e 70% de energia escura, supõe-se) são um mistério conhecido. Mas na verdade apenas metade da matéria que deveria estar nesses 5% conhecidos já foi detectada por telescópios.
A fatia restante já foi denominada como "desaparecida".
"Toda matéria causa um atraso no sinal de uma explosão rápida de rádio - tanto a metade que vimos como a que não vimos", diz Keane.
"Então medimos esse atraso, e se você estimar quanta matéria deve estar ali para causá-lo, tudo fica certo. A matéria desaparecida não estará sumida mais."

Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2016/02/cientistas-identificam-origem-de-explosao-misteriosa-de-ondas-de-radio-no-universo.html

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Telescópio usado em 1º pouso lunar descobre novas galáxias

Cientistas do Telescópio Parkes disseram ter detectado 883 galáxias.
Descobertas foram relatadas na edição mais recente do periódico.


Ilustração mostra galáxias encontradas na 'zona proibida' atrás da Via Láctea (Foto: ICRAR/Reuters)
Ilustração mostra galáxias encontradas em 'zona de evasão' atrás da Via Láctea (Foto: ICRAR/Reuters)

Um telescópio australiano usado para transmitir imagens ao vivo dos primeiros passos do homem na lua em 1969 descobriu centenas de novas galáxias escondidas atrás da Via Láctea, empregando um receptor inovador que mede ondas de rádio.
Os cientistas do Telescópio Parkes, localizado 355 quilômetros a oeste de Sydney, disseram ter detectado 883 galáxias, um terço das quais jamais vistas antes. As descobertas foram relatadas na edição mais recente do periódico Astronomical Journal, com o título "A Pesquisa da Zona de Evasão Parkes HI".
"Centenas de novas galáxias foram descobertas, usando o mesmo telescópio que foi utilizado para transmitir imagens de TV da Apollo 11", disse Lister Staveley-Smith, professor do Centro Internacional de Pesquisas de Radioastronomia da Universidade do Oeste da Austrália.
"A tecnologia eletrônica do final do processo é substancialmente diferente, e é por isso que ainda podemos continuar a usar estes antigos telescópios", disse.
As descobertas ocorreram quando os cientistas investigavam as proximidades imediatas da região do Grande Atrator, uma anomalia gravitacional no espaço intergaláctico.

O radiotelescópio do Observatório de Parkes, em Nova Gales do Sul, na Austrália (Foto: CSIRO)
O radiotelescópio do Observatório de Parkes, em Nova Gales do Sul, na Austrália (Foto: CSIRO)

O Grande Atrator parece estar atraindo a Via Láctea para si com uma força gravitacional equivalente a mais de dois milhões de quilômetros por hora.
Usar ondas de rádio permitiu aos cientistas perscrutarem a Via Láctea para além da poeira e das estrelas, que antes bloqueavam a vista dos telescópios, mostrou o estudo.
Staveley-Smith, principal autor do estudo, disse que os cientistas vêm tentando desvendar o misterioso Grande Atrator desde as primeiras descobertas de grandes distorções na expansão universal nos anos 1970 e 1980.
"É uma parte que falta no quebra-cabeças, que é a estrutura de nosso universo local", explicou Michael Burton, professor da Escola de Física da Universidade de Nova Gales do Sul. "Eles conseguiram penetrá-lo e completar o quadro que mostra o aspecto de nossa parte do universo".

Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2016/02/telescopio-usado-em-1-pouso-lunar-descobre-novas-galaxias.html

'Bola de fogo' explode sobre Atlântico a mil quilômetros da costa do Brasil

Bola de fogo é a maior desde queda de rocha espacial na Rússia em 2013.

O maior meteoro já visto desde o que atingiu a cidade russa de Chelyabinsk há 3 anos entrou na atmosfera da Terra sobre o oceano Atlântico – perto do Brasil.
O evento, que só foi divulgado agora, ocorreu às 11h55 do dia 6 de fevereiro.
Ao queimar-se na atmosfera, a rocha espacial liberou o equivalente a 13 mil toneladas de TNT.
Esse é o evento mais grandioso do gênero desde o ocorrido em Chelyabinsk, em 15 de fevereiro de 2013. O meteoro que atingiu a região liberou 500 mil toneladas de TNT.
Mais de mil pessoas foram feridas na ocasião – a maioria atingidas por estilhaços de vidro de janelas.
Costa brasileira
Já a bola de fogo sobre o Atlântico provavelmente passou despercebida. Ela se desintegrou a cerca de 30 quilômetros sobre a superfície do mar, a 1000 quilômetros da costa brasileira.
A Nasa listou o acontecimento em uma página de internet que relata a ocorrência de meteoros e bolas de fogo.
Cerca de 30 pequenos asteroides (que medem entre 1 e 20 metros) entram na atmosfera da Terra anualmente, segundo pesquisas científicas.
Como a maior parte da superfície terrestre é coberta por água, maioria deles cai nos oceanos e não afeta áreas habitadas.

Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2016/02/meteoro-de-grandes-proporcoes-cai-perto-da-costa-do-brasil.html

Astronautas da Apollo 10 ouviram barulho estranho atrás da Lua

'Música' foi registrada durante uma hora em missão realizada em 1969.
Nasa diz que interferência de rádios causou ruídos; astronauta discorda.


Da esquerda para a direita, os astronautas da Apollo 10 Eugene Cernan, John Young e Thomas Stafford (Foto: Divulgação/Nasa)
Da esquerda para a direita, os astronautas da Apollo 10 Eugene Cernan, John Young e Thomas Stafford (Foto: Divulgação/Nasa)

A Nasa revelou uma gravação com uma "música estranha", que a equipe da Apollo 10 ouviu em maio de 1969 durante o voo do lado escuro da lua, sem contato de rádio com a Terra.
O comandante do voo, Thomas Stafford, o piloto do módulo de comando, John Young, e o do módulo lunar, Eugene Cernan, fizeram a viagem durante um teste geral antes do primeiro desembarque em 21 de julho de 1969, quando na missão Apollo 11 Neil Armstrong tornou-se o primeiro homem a pisar na lua.
A gravação de assovios agudos - com um total de uma hora de duração - foi apresentada na noite de domingo na série "Os documentos inexplicáveis da Nasa ", do canal de televisão a cabo Discovery Channel. Assista ao vídeo, com narração em inglês (os sons aparecem por volta dois dois minutos)
Os sons foram registados e transmitidos para o centro de controle, em Houston (Texas, sul), onde foram transcritos e arquivados. O áudio surgiu em 2008 e só pode ser ouvido pelo público agora.
"Você ouviu isso? Esse apito...", diz Eugen Cernan na gravação. "É realmente uma música rara", continua o astronauta, enquanto sua nave sobrevoava o lado escuro da lua a 1.500 metros sem qualquer contato de rádio com a Terra.
Os três astronautas julgaram o fenômeno muito estranho e debateram se informariam seus superiores no centro de controle, por medo de não serem levados a sério e comprometerem seu futuro de participar de novas oportunidades de voos espaciais, segundo a Discovery.
Por mais raros que possam ter sido aqueles sons, não têm uma origem extraterrestre, insistiu a Nasa.
Um engenheiro da agência espacial entrevistado durante o programa explicou que "as rádios das duas naves, o módulo lunar e o módulo de comando (que estavam ancorados) criam interferência entre elas".
Esta explicação foi contestada pelo astronauta Al Worden, comandante do módulo de comando do Apollo 15. "A lógica me diz que se algo foi registrado ali, deve haver algo ali", afirmou no programa.
John Young chegou a fazer uma caminhada lunar como comandante da missão Apollo 16 e Eugene Cernan, comandante da Apollo 17, foi o último homem a pisar na lua. Ao todo, 12 astronautas caminharam sobre a superfície do satélite da Terra.

Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2016/02/astronautas-da-apollo-10-ouviram-barulho-estranho-atras-da-lua.html

China vai realocar 9 mil moradores para proteger radiotelescópio

Construção do maior radiotelescópio do mundo terminará em setembro.
Objetivo é preservar estabilidade ambiental de ondas eletromagnéticas.


Estrutura do que será a abertura de 500 metros de diâmetro de um telescópio gigante é visto em construção em Pingtang, na província de Guizhou, China. Conhecido pela sigla Fast, ele será o maior radiotelescópio do mundo; a inauguração debe ocorrer em 2016 (Foto: Reuters/Stringer)
Estrutura do que será a abertura de 500 metros de diâmetro de um telescópio gigante é visto em construção em Pingtang, na província de Guizhou, China, em foto de arquivo. Conhecido pela sigla Fast, ele será o maior radiotelescópio do mundo; a inauguração deve ocorrer em 2016 (Foto: Reuters/Stringer)

Mais de nove mil residentes da província sudoeste chinesa de Guizhou serão realocados para proteger a atividade do maior radiotelescópio do mundo, segundo anunciaram as autoridades locais nesta terça-feira (16). A construção do equipamento deve ser concluída em setembro.
O objetivo é preservar a estabilidade ambiental das ondas eletromagnéticas do aparelho no perímetro que ocupa o radiotelescópio, de 500 metros.

A ordem para a evacuação, que foi emitida por um órgão consultivo provincial, especifica que os residentes afetados serão realocados em um raio de cinco quilômetros de distância do radiotelescópio, divulgou a agência oficial "Xinhua". O governo de Guizhou espera realojar de forma progressiva 9.110 residentes antes do final de setembro.
Cada morador afetado receberá 12 mil iuanes (cerca de US$ 1,8 mil) de compensação por parte da província e, além disso, os membros de minorias étnicas (a majoritária na China é a hão e em Guizhou convivem várias etnias) será subsidiada com outros 10 mil iuanes (cerca de US$ 1,6 mil).
A construção do radiotelescópio (FAST, em sua sigla em inglês) começou em 2011 com um investimento de 1,2 bilhões de iuanes (US$ 184 bilhões), e, uma vez finalizado, baterá em recorde de tamanho em seu setor ao Observatório de Arecibo em Porto Rico, com um diâmetro de 300 metros.

Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/02/china-vai-realocar-9-mil-moradores-para-proteger-radiotelescopio.html

Agência publica mapa inédito de Marte

Trabalho realizado a pedido de um cientista britânico mostra em detalhes cerca de 7% da superfície do planeta.

Mapa foi produzido a pedido de cientista que planeja viagem a Marte (Foto: Ordnance Survey )
Mapa foi produzido a pedido de cientista que planeja viagem a Marte (Foto: Ordnance Survey )


A agência britânica Ordnance Survey (OS) divulgou um mapa inédito de Marte.
Esta é a primeira vez que a organização especializada em mapeamentos traçou o território de um outro planeta.
Dados abertos da Nasa, a agência espacial americana, serviram de base para o trabalho, que foi publicado na conta da agência no portal Flickr.
O mapa teve uma única cópia impressa, para um cientista britânico que participa do planejamento do envio de um veículo de exploração a Marte em 2019.
Elevações e escalas

A princípio, cientistas tiverem dificuldade para interpretar dados (Foto: Ordnance Survey)
A princípio, cientistas tiverem dificuldade para interpretar dados (Foto: Ordnance Survey)

"Foi um pouco difícil a princípio interpretar os dados para decifrar as elevações, escalas e assim por diante", disse o cartógrafo Chris Wesson.
"Mas o processo físico de confecção do mapa foi quase idêntico ao de um mapa da Terra ou de qualquer outro já feito pela OS."
Foi mapeada uma área de 10 milhões de km2 - ou cerca de 7% da superfície marciana.
Wesson diz que consegue imaginar um futuro astronauta usando uma cópia do mapa - talvez em uma versão digital - quando estiver explorando Marte.
'Fascinante'
Mapa cobre cerca de 7% da superfície do Planeta Vermelho (Foto: Ordnance Survey)
Mapa cobre cerca de 7% da superfície do Planeta Vermelho (Foto: Ordnance Survey)

"Há grandes áreas que pareciam ser planas, mas na verdade são bem montanhosas e desniveladas. Essa foi a parte mais difícil do mapa: mostrar isso, mas sem perder sua proporção em relação a essas gigantescas crateras."
A agência produziu o mapa a pedido de Peter Grindrod, da Universidade de Londres. Ele está ajudando a planejar o pouso do veículo European ExoMars, previsto para o início de 2019.
Ele diz ter sempre admirado os mapas da OS por incluírem muita informação sem se tornarem complexos de mais para ler.
"É maravilhoso ver o mesmo estudo aplicado a Marte, especialmente a uma região tão fascinante daquele planeta", afirma Grindrod.

Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2016/02/agencia-publica-mapa-inedito-de-marte.html

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Quatro pontos para entender a descoberta que confirma teoria de Einstein e muda modo como vemos Universo

Pela primeira vez, cientistas detectaram as chamada ondas gravitacionais - um fenômeto previsto por Einstein cem anos atrás, mas que nunca havia sido comprovado.

Simulação ilustra colisão de buracos negros como aquela detectada pelo projeto Ligo (Foto: Andy Bohn et al.)
Simulação ilustra colisão de buracos negros como aquela detectada pelo projeto Ligo (Foto: Andy Bohn et al.)

Há 100 anos, Albert Einstein previu a existência de ondas gravitacionais como parte de sua Teoria Geral da Relatividade.
Durante décadas, os cientistas vinham tentando, sem êxito, detectar essas ondas – fundamentais para entender as leis que regem no Universo.
Isso até esta quinta-feira (11) - um dia que já vem sendo considerado histórico, já que um grupo de cientistas de vários países anunciou ter conseguido detectar pela primeira vez as chamadas ondas gravitacionais.
Essa comprovação é uma das maiores descobertas da ciência do nosso tempo porque, além de confirmar as ideias de Einstein, abre as portas para maneiras totalmente novas de se investigar o Universo. A partir de agora, a astronomia e outras áreas da ciência entram uma nova era.
Os pesquisadores do projeto LIGO (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory, ou observatório de Interferometria de Ondas Gravitacionais), em Washington e na Lousiana, observaram o fenômeno e acompanharam distorções no espaço com a interação de dois buracos negros a 1,3 bilhão de anos-luz da Terra.
Mas o que exatamente essa descoberta significa? Veja quatro dos principais pontos.
O que exatamente são ondas gravitacionais?
Segundo a teoria de Einstein, todos os corpos em movimento emitem essas ondas que, como uma pedrinha que afeta a água quando toca nela, produz perturbações no espaço.
A Teoria da Relatividade de Einstein é um pilar da física moderna que transformou nosso entendimento do espaço, do tempo e da gravidade. E por meio delas entendemos muitas coisas: da expansão do Universo até o movimento dos planetas e a existências dos buracos negros.
Essas ondas gravitacionais são basicamente feixes de energia que distorcem o tecido do espaço-tempo, o conjunto de quatro dimensões formado por tempo e espaço tridimensional.
Assim, qualquer massa em movimento produz ondulações nesse tecido tempo-espaço. Até nós mesmos.
E Einstein previu que o Universo estava inundado por essas ondas. Esse efeito, no entanto, é muito fraco, e apenas grandes massas, movendo-se sob fortes acelerações, podem produzir essas ondulações em um grau razoável.
Assim, quanto maior essa massa, maior é o movimento e maior são as ondas. Nessa categoria entram explosões de estrelas gigantes, a colisão de estrelas mortas superdensas e a junção de buraco negros. Todos esses eventos devem radiar energia gravitacional na velocidade da luz.
Como os cientistas detectaram essas ondas?
Os pesquisadores trabalhavam há anos para detectar as minúsculas distorções causadas quando as ondas gravitacionais passam pela Terra. Os detectores nos Estados Unidos – localizados no Ligo – e na Itália (conhecido como Virgo) são ambos formados por dois túneis idênticos em forma de L, de 3 km de largura.
Nele, um feixe de laser é gerado e dividido em dois – uma metade é disparada em um túnel, e a outra entra pela segunda passagem.
Espelhos ao final dos dois túneis rebatem os feixes para lá e para cá muitas vezes, antes que se recombinem. Se uma onda passa pelo túnel, ela vai distorcer levemente seu entorno, mudando a longitude dos túneis em uma quantidade diminuta (apenas uma fração da largura de um átomo).
E a forma com que as ondas se movem pelo espaço significa que um túnel se estira e outro se encolhe, o que fará com que um raio laser viaje uma distância levemente maior, enquanto o outro fará uma viagem mais curta.
Como resultado, os raios divididos se recombinam de uma maneira diferente: as ondas de luz interferem entre si, em vez de se cancelarem. Essa observação direta abre uma nova janela para o cosmos, uma janela que não seria possível sem Einstein.
E qual a implicação disso?
Os objetos também emitem essas perturbações que acabaram de ser detectadas, mas a partir de agora os físicos poderão olhar os objetos com as ondas eletromagnéticas e escutá-los com as gravitacionais.
“Agora, o que se tem são sentidos diferentes e complementares, para estudar as mesmas fontes. E com isso, podemos extrair muito mais informações”, disse à BBC Mundo, Alicia Sintes, do departamento de física do Instituto de Estudos Espaciais da Catalunha, na Espanha, que participou do projeto.
“Não estamos falando de expandir um pouco mais o espectro eletromagnético, mas de um espectro totalmente novo.”
A especialista afirma as ondas eletromagnéticas dão informações do Universo quando ele tinha 300 mil anos de idade.
“Já com as ondas gravitacionais, pode-se ver as (ondas) que foram emitidas quando o Universo tinha apenas um segundo de idade.”
É isso que será possível estudar a partir de agora.
Outro impacto diz respeito aos buracos negros: nosso conhecimento sobre a existência deles é, na verdade, bastante indireto. A influência gravitacional nos buracos negros é tão grande que nem a luz escapa de sua força. Mas não podemos ver isso em telescópios, só pela luz da matéria sendo partida ou acelerada à medida que chega muito perto de um buraco negro.
Já as ondas gravitacionais são um sinal que vem desses objetos e carrega informações sobre eles. Nesse sentido, pode-se até dizer que a recente descoberta significa a primeira detecção direta dos buracos negros.
Qual o efeito causado por essas ondas na Terra?
Quando as ondas gravitacionais passam pela Terra, o tempo-espaço que nosso planeta ocupa deve se alternar entre se esticar e se comprimir.
Pense em um par de meias: quando você as puxa repetidas vezes, elas se alongam e ficam mais estreitas.
Os interferêmetros do Ligo, aparelhos usados para medir ângulos e distâncias aproveitando a interferência de ondas eletromagnéticas, vêm buscando esse estiramento e compressão por mais de uma década.
A expectativa era a de que ele detectaria distúrbios menores do que uma fração da largura de um próton, a partícula que compõe o núcleo de todos os átomos.

Ondas gravitacionais (Foto: G1)

Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2016/02/quatro-pontos-para-entender-descoberta-que-confirma-teoria-de-einstein-e-muda-modo-como-vemos-universo.html

As misteriosas montanhas flutuantes de gelo de Plutão que intrigam cientistas

Fotos de sonda da Nasa capturam imagens de colinas que podem ser fragmentos de água congelada de montanhas do entorno 'flutuando' sobre mar gelado de nitrogênio do planeta-anão

A Nasa divulgou imagens de montanhas flutuantes na superfície de Plutão, aparentes formações de gelo suspensas sobre um oceano de nitrogênio congelado  (Foto: Nasa)
A Nasa divulgou imagens de montanhas flutuantes na superfície de Plutão, aparentes formações de gelo suspensas sobre um oceano de nitrogênio congelado (Foto: Nasa)

No "coração" de Plutão, misteriosas colinas intrigam cientistas da Nasa (agência espacial americana).
No último dia 4, a agência divulgou imagens de montanhas flutuantes na superfície do planeta-anão, aparentes formações de gelo de quilômetros de extensão, suspensas sobre um oceano de nitrogênio congelado.
As imagens foram capturadas pela sonda New Horizons em sua missão histórica de 2015.
Para os pesquisadores da Nasa, trata-se de "outro exemplo da fascinante e abundante atividade geológica" de Plutão. A suspeita é que essas montanhas flutuantes misteriosas sejam fragmentos de água congelada que lembram os icebergs da Terra.
As colinas, localizadas na vasta planície de gelo batizada informalmente de Plano Sputnik, são como versões em miniatura das montanhas maiores e mais variadas da extremidade oeste dessa planície.
"Essas montanhas de água gelada flutuam em um mar de nitrogênio congelado e se movem da mesma forma como os blocos de gelo no oceano Ártico da Terra", informou a Nasa em nota.
Seriam como fragmentos de planaltos acidentados que se separaram e estão sendo levados pelos glaciares de nitrogênio até o Plano Sputnik.
Essas cadeias de colinas em movimento são formadas na trilha dos glaciares. Quando entram no terreno em formato de células da região central do Plano Sputnik, passam a ser influenciadas pelos movimentos convectivos (movimento ascendente ou descendente de matéria em um fluido) do nitrogênio congelado, e são empurradas para a extremidade das células.

Hipótese da origem
Essas formações podem flutuar porque o gelo de nitrogênio é bem mais denso do que o gelo de água.
Esses blocos congelados se juntam formando cadeias montanhosas de até 20 quilômetros de extensão.
Acredita-se que o Plano Sputnik tenha se formado após um grande impacto na superfície de Plutão, que foi preenchido com uma mistura de água congelada, nitrogênio e amoníaco.
Plutão surpreende cientistas a cada dia desde a revelação, após uma espera de nove anos, das imagens da New Horizons.
A geografia dinâmica e variada revelada pelas imagens está mudando a perspectiva sobre esse corpo celeste descoberto há 85 anos.
"Ficamos atordoados com o que vimos, e por toda a atividade nesses mundos (Plutão e suas luas). E ainda não temos ideia do que está acontecendo lá de fato", afirmou Nigel Henbest, astrônomo da Universidade de Leicester, na Inglaterra.
Os dados da New Horizons podem ajudar a esclarecer mecanismos da formação de planetas e até da origem de elementos que geram vida.

Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2016/02/as-misteriosas-montanhas-flutuantes-de-gelo-de-plutao-que-intrigam-cientistas.html