Constelações

Constelações

As constelações são grupos de estrelas que do ponto de vista de um observador na Terra parecem próximas, ainda que na realidade possam estar muito longe uma das outras. As estrelas que fazem parte dessa constelação não têm necessariamente que estar ligadas entre elas. Cada constelação é uma invenção humana, concebida para facilitar o reconhecimento do céu.
Por exemplo, quando é dito que o planeta Júpiter está numa determinada constelação, saberemos para onde olhar para ver o planeta.
Ao olharmos para o céu cheio de estrelas podemos imaginar figuras, e isso foi sendo feito ao longo do tempo por várias culturas. Cada cultura foi imaginando e criando constelações próprias, diferentes das constelações das outras culturas. Apenas no séc XX é que se decidiu criar uma lista oficial de constelações. Em 1922, a União Astronómica Internacional decidiu estabelecer 88 constelações que passaram a cobrir a totalidade do céu, e ainda hoje essa lista é utilizada internacionalmente.
Mas foi longo o caminho que conduziu até a actual lista oficial. Podemos falar do contributo de Cláudio Ptolomeu (83–161 d.C. aproximadamente), ao incluir 48 constelações na sua grande obra, Sintaxe, mais conhecida por Almagesto. Este astrónomo não inventou nenhuma destas constelações, mas ao incluí-las na sua obra deu um grande contributo para a sua divulgação. Seguem-se os nomes latinos dessas 48 constelações e entre parêntesis o nome em português: Andromeda (Andrómeda), Aquarius (Aquário), Aquila (Águia), Ara (Altar), Argo Navis (Navio), Áries (Carneiro), Auriga (Cocheiro), Botes (Boieiro), Câncer (Carangueijo), Canis Major (Cão Maior), Canis Minor (Cão Menor), Capricornus (Capricórnio), Cassiopeia (Cassiopeia), Centaurus (Centauro), Cepheus (Cefeu), Cetus (Baleia), Corona Australis (Coroa Austral), Corona Borealis (Coroa Boreal), Corvus (Corvo), Crater (Taça), Cygnus (Cisne), Delphinus (Delfim (Golfinho)), Draco (Dragão), Equuleus (Potro), Eridanus (Erídano), Gemini (Gémeos), Hercules (Hércules), Hydra (Hidra), Leo (Leão), Lepus (Lebre), Libra (Balança), Lupus (Lobo), Lyra (Lira), Ophiuchus (Ofiúco), Orion (Orionte), Pegasus (Pégaso), Perseus (Perseu), Pisces (Peixes), Piscis Austrinus (Peixe Austral), Sagitta (Seta), Sagitarius (Sagitário), Scorpius (Escorpião), Serpens (Serpente), Taurus (Touro), Triangulum (Triângulo), Ursa Major (Ursa Maior), Ursa Minor (Ursa Menor) e Virgo (Virgem).
Por volta de 1551, o cartógrafo holandês Gerardus Mercator (1512-1594) introduziu a constelação de Coma Berenices (Cabeleira de Berenice). Esta constelação passou a ser muito mais conhecida depois de ter aparecido no catálogo de estrelas do astrónomo dinamarquês Tycho Brahe, em 1602.
Entre 1596 e 1603, mais 12 constelações foram introduzidas por dois navegadores holandeses, Pieter Dirkszoon Keyser e Frederick de Houtman. Estas constelações só se tornaram célebres depois de aparecerem no atlas de estrelas Uranometria do astrónomo e advogado alemão Johann Bayer, em 1603. Os nomes destas constelações são: Apus (Ave do Paraíso), Chamaeleon (Camaleão), Dorado (Dourado), Grus (Grou), Hydrus (Hidra Macho), Indus (Índio), Musca (Mosca), Pavo (Pavão), Phoenix (Fénix), Triangulum Australe (Triângulo Austral), Tucana (Tucano) e Volans (Peixe Voador).
O teólogo e cartógrafo holandês Petrus Plancius (1552-1622) introduziu 3 constelações: Camelopardalis (Girafa), Columba (Pomba) e Monoceros (Unicórnio).
Não se conhece quem introduziu a constelação Crux (Cruzeiro do Sul), porém a primeira referência a esta constelação surge num documento escrito pelo físico Mestre João, da comitiva de Pedro Álvares Cabral, para D. Manuel I, rei de Portugal, em Abril de 1500.
O astrónomo polaco Johannes Hevelius (1611-1687), introduziu 7 constelações: Canes Venaciti (Cães de Caça), Lacerta (Lagarto), Leo Minor (Leão Menor), Lynx (Lince), Scutum (Escudo), Sextans (Sextante) e Vulpecula (Raposa).
Em 1754, o astrónomo francês Nicolas Louis de Lacaille, introduziu 14 constelações: Antlia (Máquina Pneumática), Caelum (Cinzel (ou Buril)), Circinus (Compasso), Fornax (Fornalha), Horologium (Relógio), Mensa (Mesa), Microscopium (Microscópio), Norma (Régua), Octans (Octante), Pictor (Pintor), Pyxis (Bússola), Reticulum (Retículo), Sculptor (Escultor) e Telescopium (Telescópio).
Para além destas 14 constelações, este astrónomo dividiu a antiga constelação Argo Navis (Navio) em 3 outras constelações: Carina (Quilha), Puppis (Popa) e Vela (Vela), acrescentando ainda a já mencionada Pyxis (Bússola).
Durante alguns séculos, principalmente nos séculos XVII e XVIII, os mapas do céu eram desenhados com figuras muito trabalhadas e pormenorizadas. Estas preocupações estéticas muitas vezes impediam uma clara leitura dos mapas dificultando a identificação das constelações no céu.
Em 1851 apareceu um mapa do céu feito pelo astrónomo e cosmógrafo francês Charles Dien (1809-1870), onde as estrelas mais brilhantes de cada constelação estavam ligadas por traços, substituindo as figuras e tornando a leitura do mapa mais clara. Essa forma de apresentar as constelações subsiste até hoje, ainda que os mapas actuais possam ter traços ligando de forma diferente as estrelas que compõem as constelações. Não existe uma uniformização nesse aspecto e até existem muitos mapas que prescindem totalmente desses traços.





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