quarta-feira, 24 de junho de 2015

Cientistas desvendam mistério de 'nuvem' lunar

Camadas permanentes de pó detectadas por sonda em volta da Lua seriam resultado de partículas desprendidas de cometas que se chocaram contra a superfície.

A poeira lunar foi analisada pela sona LADEE (Foto: Nasa/BBC)
A poeira lunar foi analisada pela sona LADEE (Foto: Nasa/BBC)

A Lua está permanentemente rodeada por uma enorme camada de pó, de acordo com dados recolhidos por uma sonda enviada ao satélite natural terrestre em 2013 pela Agência Espacial Americana (Nasa).
Batizada de LADEE, em inglês, a sonda estudou, por seis meses, rajadas de partículas que podiam chegar a uma altitude de até 100 km. A missão terminou em abril de 2014, quando a sonda se espatifou no solo lunar.
'Bombardeio'
Os dados foram analisados recentemente por uma equipe de cientistas da Universidade do Colorado, nos EUA. E, em um artigo publicado na revista científica Nature, os especialistas afirmam que a nuvem seria uma "poluição" causada por cometas: partículas deixadas por corpos celestes passando pela Lua atingem o solo, pulverizando-se e elevando-se no céu lunar.
Segundo a equipe de cientistas da Universidade do Colorado, a camada fica mais grossa todas as vezes em que a Lua e a Terra passam pelas partículas deixadas por cometas.

Partículas liberadas por cometas "castigam" a superfície lunar (Foto: Thinkstock/BBC)
Partículas liberadas por cometas "castigam" a superfície lunar (Foto: Thinkstock/BBC)

Segundo o coordenador do estudo, Mihaly Horanyi, a Terra é bombardeada diariamente por pelo menos 100 toneladas de detritos cósmicos, mas é protegida pela atmosfera, que desintegra grande parte deles. Na Lua, o volume diário é de cinco toneladas, mas porque o satélite não tem atmosfera as partículas se chocam diretamente com o solo, criando a nuvem.
A camada de pó intrigou os cientistas por conta de seu formato irregular: ela é mais densa em um lado da Lua, mais atingido pelas partículas.
Este tipo de formação tinha sido detectado pela Nasa nas luas de gelo de Júpiter, visitadas pela sonda Galileo na segunda metade da década de 90. Mas os cientistas tinham dúvidas se a lua terrestre, de formação rochosa, passaria pelo mesmo fenômeno. Esse foi um dos motivos por trás do projeto LADEE.

Cientistas veem vantagens no estudo das nuvens de poeira (Foto: Thinkstock/BBC)
Cientistas veem vantagens no estudo das nuvens de poeira (Foto: Thinkstock/BBC)

Cientistas acreditam que vários outros corpos celestes no sistema solar, de asteroides a luas em outros planetas, também tenham nuvens de poeira.
Zoltan Sternovsky, cientista também envolvido no projeto, acredita que futuras missões espaciais poderão estudar esses corpos celestes sem a necessidade de pousar neles.
"Você pode analisar essas partículas para estudar a composição dos corpos", afirma.

Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/06/cientistas-desvendam-misterio-de-nuvem-lunar.html

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Galáxia superbrilhante recebe nome em homenagem a Cristiano Ronaldo

Galáxia foi nomeada CR7, como é conhecido jogador de futebol português.
Há evidências de que ela contenha estrelas da primeira geração.


Concepção artística de CR7, a galáxia mais brilhante do Universo primordial: nome foi homenagem a jogador Cristiano Ronaldo (Foto: ESO/M. Kornmesser)
Concepção artística de CR7, a galáxia mais brilhante do Universo primordial: nome foi homenagem a jogador Cristiano Ronaldo (Foto: ESO/M. Kornmesser)

Um grupo internacional de astrônomos descobriu a galáxia distante mais brilhante e luminosa já encontrada no Universo. Há evidências de que ela contenha estrelas da primeira geração, que teriam sido formadas pelo material primordial do Big Bang. A descoberta foi feita por uma equipe liderada pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço da Universidade de Lisboa
Chamada de Cosmos Redshift 7, ou simplesmente CR7, sigla adotada em homenagem ao astro do futebol português Cristiano Ronaldo, ela é três vezes mais brilhante do que a atual detentora desse recorde até o momento, a galáxia Himiko, a 13 bilhões de anos luz da Terra, conforme o comunicado divulgado pela universidade.
A descoberta foi feita com o auxílio do Very Large Telescope (VTL) do Observatório Austral Europeu (ESO).
"Decidimos acompanhar um caminho totalmente diferente do resto do mundo e fizemos um mapa de grandes áreas do céu. Sabíamos que o risco de buscar onde ninguém procurava podia ser facilmente compensado por descobertas inesperadas", disse o líder do grupo de astrônomos, o português David Sobral.
Além da galáxia mais luminosa, os pesquisadores fizeram outra grande descoberta, considerada por Sobral como o "Santo Graal da astronomia": as chamadas estrelas de primeira geração, assim chamadas porque foram formadas diretamente pelo material primordial do Big Bang. Há evidências, segundo os pesquisadores, de que a CR7 contenha esse tipo de estrela.
Foram encontradas na CR7 grandes emissões de hélio e hidrogênio ionizados sem nenhum sinal de elementos pesados, o que levou os pesquisadores a essa descoberta. "Foram essas estrelas que permitiram nossa existência e criaram os elementos essenciais para a formação do Sol e da vida no Universo", afirmou Sobral.
Esse conjunto de estrelas, tradicionalmente chamado de "População III", não tinha sido achado até hoje e sua existência só era conhecida em nível teórico.

Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/06/galaxia-super-brilhante-recebe-nome-em-homenagem-cristiano-ronaldo.html

Sonda Rosetta estabelece novo contato com módulo Philae

Robô retomou contato neste domingo, depois de ficar quase 7 meses inativo.
Philae observa dados de cometa e pode ajudar a descobrir origem da vida.


12/11 - Imagem feita pela sonda Rosetta mostra o módulo espacial Philae seguindo em direção ao cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko (Foto: ESA/Rosetta/Philae/CIVA/Reuters)
12/11/14 - Imagem feita pela sonda Rosetta mostra o módulo espacial Philae seguindo em direção ao cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko (Foto: ESA/Rosetta/Philae/CIVA/Reuters)

A sonda Rosetta estabeleceu nesta segunda-feira (15) o segundo contato com o módulo Philae, que neste fim de semana deu sinais de ter recuperado sua atividade após uma letargia de quase sete meses.
A informação foi divulgada pelo presidente do Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES) da França, Jean-Yves Le Gall.
Este novo sinal aconteceu por volta das 2h30 (horário de Brasília), disse o presidente do CNES à emissora "France 2". Além disso, Le Gall confirmou que o Philae, que pousou sobre a superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko em 12 de novembro, "está completamente acordado".
O módulo, segundo Le Gall, permite observar que esse cometa se encontra em "plena efervescência", com expulsões de gás e de pó para o espaço.
O Philae está a 320 milhões de quilômetros da Terra e, apesar de suas ondas levarem 17 minutos para chegar, o representante do CNES confirmou que o módulo "está respondendo" e que vai enriquecer "nosso conhecimento sobre as origens da vida" em nosso planeta.
Nas últimas semanas, os cientistas da missão Rosetta tinham previsto que o módulo poderia despertar em junho, à medida que o cometa se aproximasse ao Sol, o que daria a oportunidade para que as baterias solares do Philae pudessem se recarregar.
A sonda europeia Rosetta está agora a uma centena de quilômetros do cometa.

Qual o objetivo da missão?
Compostos químicos, gases e muita poeira presentes no cometa podem conter respostas sobre a formação dos planetas do Sistema Solar. Além disso, apontariam aos cientistas uma direção para descobrir como a vida surgiu, no estágio em que a conhecemos.
Uma das teorias sobre o início da vida na Terra sugere que os primeiros ingredientes da chamada "sopa orgânica" vieram de um cometa, considerados alguns dos corpos celestes mais antigos do Sistema Solar.

Imagem divulgada pela Agência Espacial Europeia em 12 de junho mostra o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko pelas lentes da Sonda Rosetta (Foto: ESA/Rosetta/NavCam )
Imagem divulgada pela Agência Espacial Europeia em 12 de junho mostra o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko pelas lentes da Sonda Rosetta (Foto: ESA/Rosetta/NavCam )

Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/06/sonda-rosetta-estabelece-novo-contato-com-modulo-philae.html

Robô Philae acorda sobre cometa

Agência espacial francesa recebeu sinais durante dois minutos.
Robô estava inativo desde pouso sobre cometa em novembro de 2014.


O robô espacial europeu Philae, estacionado na superfície do cometa "Chury" desde novembro do ano passado, despertou no sábado (13) à noite, revelou Jean-Yves Le Gall, presidente do Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES), a agência espacial francesa.
"Recebemos sinais durante dois minutos, bem como quarenta segundos de dados", indicou Le Gall à AFP, confirmando a informação divulgada pela rede RTL.
"Olá Terra! Vocês estão me ouvindo?", tuítou o robô, via Agência Espacial Europeia (ESA).
O despertar de Phiale, robô-laboratório munido de vários instrumentos, ocorreu sábado às 22h28, hora europeia, (17h28 de Brasília), segundo a ESA.
Do tamanho de uma máquina de lavar roupas, o robô Philae estava inativo desde seu histórico pouso em 12 de novembro do ano passado sobre o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.
Da Terra, a mais de 450 milhões de quilômetros de distância, os cientistas da Agência Espacial Europeia (ESA) tentavam há mais de um mês "ouvir" um possível sinal de vida a partir de Philae pela sonda Rosetta.
A sonda europeia Rosetta está agora a uma centena de quilômetros do cometa.
GIF Pouso Cometa Rosetta (Foto: Editoria de Arte/G1)

Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/06/robo-philae-acorda-sobre-o-cometa-chury.html

Morre Jack King, voz da contagem regressiva da Apollo 11

Apollo 11 levou levou o homem a pisar na Lua, em 1969.
King tinha 84 anos e morreu em hospital perto do Centro Espacial Kennedy.


Jack King, ex-chefe de Relações Públicas da Nasa e dono da voz que anunciou a contagem regressiva da decolagem da missão Apollo 11, a primeira a levar o homem à Lua, morreu nesta quinta-feira (11) na Flórida, Estados Unidos, aos 84 anos, vítima de uma insuficiência cardíaca.
King, conhecido popularmente como a "Voz do Apollo", morreu em um hospital perto do Centro Espacial Kennedy, onde ele realizou a contagem histórica para o lançamento da nave em 16 de junho de 1969.
Quatro dias depois, a nave com os astronautas Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins pousou na Lua, permitindo que no dia 21 de julho de 1969 Armstrong se transformasse no primeiro homem a pisar em superfície lunar.
Além da Apollo 11, King, nascido em Boston (Massachusetts), realizou a contagem regressiva de centenas de outras missões da Nasa.

Foto oficial da Apollo 11. Armstrong à esquerda, Michael Collins no centro e Buzz Aldrin à direita (Foto: NASA Great Images in Nasa Collection)
Astronautas da Apollo 11: Armstrong (à esquerda),
Michael Collins e Buzz Aldrin (direita)
(Foto: NASA Great Images in Nasa Collection)

Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/06/morre-jack-king-voz-da-contagem-regressiva-da-apollo-11.html

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Duas batatas muito loucas no espaço

Plutão e suas luas

Plutão está cada vez mais perto de nós, não que o mais famoso planeta anão do Sistema Solar esteja em curso de colisão conosco. A sonda New Horizons está a caminho de Plutão e do seu sistema de 5 luas. E, batendo todos os recordes de velocidade, em coisa de um mês, ela vai passar a meros 10 mil km da superfície do planeta anão.

A data da maior aproximação, quando a sonda vai realizar o seu sobrevoo, será o dia 14 de julho. Atualmente, a distância até Plutão é menor que 47 milhões de quilômetros e, para se ter uma ideia da sua velocidade, ela diminui de 900 km a cada minuto que passa! Mesmo a essa distância, as imagens de Plutão já mexem com a imaginação de todos que acompanham a missão. A última delas sugere que uma capa de gelo esteja cobrindo um dos polos. Só que a resolução das fotos ainda é muito pobre para se tirar conclusões definitivas, ainda que sejam as melhores imagens de Plutão jamais obtidas.

Além das imagens em si, a pesquisa da New Horizons já começou também com seus instrumentos de rádio, que estão varrendo o caminho à sua frente. Muito mais do que descobrir novas luas (ao menos por enquanto) o objetivo é detectar objetos que possam representar algum perigo para a missão. Existe um plano de emergência que permite que a nave possa ser desviada para evitar uma colisão, mas a eficiência dessas manobras depende da descoberta precoce da ameaça. O procedimento para desviar já está nos computadores da nave, pois as ondas de rádio até a sonda demoram quase 5 horas para chegar. As manobras de emergência poderão ser executadas, se preciso, até o início de julho. Depois disso, o curso estará travado e qualquer colisão pode representar o fim da missão.

Mas isso não preocupa tanto os envolvidos na missão. A trajetória da sonda foi planejada para cruzar o plano do sistema na parte mais central dele, ou seja, nas proximidades de Plutão e Caronte. Os dois astros representam quase a totalidade da massa do sistema, de modo que a atração da gravidade dos dois deve ter limpado a região de pequenos objetos. Essa deve ser a região mais limpa de detritos de todo o sistema.

Outra descoberta que parece colaborar com essa ideia veio num artigo publicado na revista "Nature" desta semana. Mark Showalter do SETI, o famoso Instituto por Busca de Inteligência Extraterrestre, liderou uma equipe de astrônomos que sugerem algo interessante: Nix e Hidra possuem movimento de rotação caótico!

Nix e Hidra são duas luas bizarras de Plutão. Ambas são tão alongadas que mais parecem duas batatas espaciais, mas o que há de caótico nelas?

Usando dados do telescópio espacial Hubble, Showalter e seus colegas notaram que a quantidade de luz refletida por ambas as luas não era coerente com um movimento periódico constante. Apesar de mostrar uma periodicidade típica de corpos em rotação, o período do movimento variava de maneira irregular. Apesar de soar estranho, isso é o esperado quando um corpo tem um movimento resultante composto pela soma de vários tipos de movimentos. Estranho mesmo são os dois objetos terem tantos movimentos assim combinados, de modo a deixar o resultado caótico desse jeito.
Uma coisa que ajuda é a ressonância gravitacional que atua sobre o sistema. A ressonância faz com que as luas todas girem em torno do centro de gravidade do sistema de maneira sincronizada. Por exemplo, para cada cinco órbitas de Caronte, Cérbero dá apenas uma volta; para cada quatro voltas de Caronte, Nix completa apenas uma órbita. Mas essa é a parte fácil da análise das imagens, em que os padrões se repetem com periodicidade bem marcada. O que intrigou os pesquisadores foram os sinais que não se repetem dessa maneira.

As variações de luz observadas pelo Hubble, e e de tão sutis só poderiam ter sido descobertas com o Hubble, mostram que a rotação de Nix e Hidra (mas possivelmente de todos os outros satélites) é um “bamboleio” caótico sem padrão coerente. Melhor do que tentar explicar é ver essa animação acima baseada em simulações de computador, que reproduzem os dados reais observados.

O efeito prático dessa zoeira toda é que, para um hipotético habitante dessas luas, nunca seria possível prever quando, nem onde, o Sol irá surgir no horizonte. Aliás, se você prestar bastante atenção na animação, tem uma hora que a lua executa o movimento de maneira retrógrada, ou seja, inverte o sentido da rotação! Algo totalmente bizarro.

A explicação para isso acontecer deve estar na origem do sistema plutoniano de satélites. A teoria mais aceita é que uma grande colisão, lá pelo início do Sistema Solar, criou as condições para as luas se formarem. Plutão e Caronte devem ter limpado a maior parte dos detritos, mas o restante acabou formando as luas que, mesmo assim, conservam as características de destroços de uma grande colisão.

Bom, tudo isso mostrado na animação é fruto de estudos feitos a uma distância de 6 bilhões de km. Só que em menos de um mês, vamos estar "dentro" do sistema e vamos ter a oportunidade de acompanhar todos esses movimentos bizarros de uma distância muito pequena. Aliás, lembrando o que eu escrevi no começo, a cada minuto a distância encurta em 900 km!
Imagem: Nasa/ESA/A. Feild (STScI)

 Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/blog/observatorio/post/duas-batatas-muito-loucas-no-espaco.html