Astronauta sente dores no corpo e hipersensibilidade na pele (Foto: Eric Kayne/Getty Images North America/AFP) |
Sente tanta dor nos músculos e articulações que mal consegue dizer onde dói.
"Estou surpreendido pela diferença entre como me sinto agora, fisicamente, em comparação com a primeiro missão em que estive", diz em entrevista poucos dias após voltar à Terra.
Kelly passou quase um ano na Estação Espacial Internacional com o cosmonauta russo Mikhail Kornienko.
Na outra missão, Kelly ficou no espaço por 159 dias. Ele já sabia que sentiria dores musculares e fadiga.
Foto mostra o astronauta americano Scott Kelly (esq.) e o cosmonauta russo Mikhail Kornienko: eles passaram um ano no espaço (Foto: AP Photo/Gagarin Cosmonaut Training Center via NASA) |
Desta vez, assim que saí da cápsula (no Cazaquistão) me senti melhor do que na primeira vez", disse.
Mas, após uma pausa, contou que em algum momento começou a sentir um nível de dor muscular "muito maior do que da outra vez".
E algo que não havia ocorrido antes: agora, ele sente hipersensibilidade na pele. Segundo Scott, isso ocorre porque a pele não encostou em nada significativo por muito tempo.
"É um sensação de ardência sempre que sento, deito ou ando", contou.
Diferença de altura
É a primeira vez que um americano passa tanto tempo na microgravidade.
Os russos levam vantagem: nos anos 1990, Valery Polyakov passou 438 dias na estação espacial MIR.
Mas o que torna a viagem de Kelly particularmente interessante não são apenas os 340 dias que ele passou na ISS ou as 5.440 voltas que deu ao redor de nosso planeta, mas o fato de seu irmão gêmeo, Mark Kelly, ter ficado na Terra para que fosse estudado o impacto psicológico e fisiológico de uma viagem longa no espaço sobre o corpo humano.
Uma das primeiras mudanças visíveis foi que havia superado seu irmão em altura - tinha 3,81 cm a mais que ele.
"A gravidade se encarregou de colocá-lo no lugar dele", brincou.
Eles são gêmeos idênticos, mas Scott tem 3,8 cm a mais agora (Foto: AP Photo/Pat Sullivan) |
Mas poucos dias depois de voltar à Terra - e à força da gravidade -, Scott já tinha voltado ao tamanho normal.
Entender estas mudanças é importante para os especialistas. Os astronautas que voltaram da estação espacial foram recebidos por uma comitiva mas, em um eventual futura missão a Marte, terão que se adaptar sozinhos à chegada a um planeta com uma gravidade diferente da Terra.
Os irmãos Kelly foram submetidos - antes e durante a missão - a uma bateria de exames psicológicos e fisiológicos.
Eles devem continuar sendo "ratos de laboratório" por dois anos.
Após o pouso no Cazaquistão, ele foi levado à Noruega para os primeiros exames físicos e seguiu para os EUA. Ele contou que nesse trajeto não conseguiu dormir, por estar "incomodado e com muita dor muscular."
A chegar aos Estados Unidos, foi submetido a mais exames físicos e análises sanguíneas, assim como scanner cerebral.
Má pontaria
O astronauta explica que, entre outras dificuldades, está tendo problemas com pontaria na hora de jogar objetos.
"Fracassei com a primeira coisa que tentei jogar em uma mesa; tentei jogar basquete e não fiz cesta nenhuma vez... mas eu já não era um bom jogador."
Quando astronautas voltam à Terra eles têm tendência a soltar as coisas, como quando estão sem gravidade.
O norte-americano Scott Kelly (Foto: Kirill Kudryavtsev / Pool / via AFP Photo) |
Sobre o mal-estar físico, há várias explicações.
Quando estão em microgravidade, os astronautas perdem massa muscular e densidade óssea, apesar das duas horas de exercícios seis dias por semana.
Mesmo assim, como não precisam aguentar a gravidade, os músculos ficam mais preguiçosos.
O coração continua bombeando a mesma quantidade de sangue para as extremidades, mas os vasos sanguíneos das pernas não têm que trabalhar tanto para bombear sangue de volta para o coração.
No espaço, os astronautas perdem volume de sangue, razão pela qual Scott recebeu uma transfusão de sangue após o retorno.
Outro problema que os astronautas experimentam é uma inflamação na parte posterior do olho enquanto estão no espaço. Isso causa problemas de visão que podem durar um tempo após o retorno à gravidade.
Estas são só algumas das mudanças que aconteceram no corpo de Scott e, muito provavelmente, em seu companheiro russo.
Mas só saberemos o verdadeiro impacto da viagem em seis anos, quando os cientistas preveem que os resultados da pesquisa serão publicados.
Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2016/03/como-corpo-de-astronauta-mudou-apos-um-ano-no-espaco-comparado-ao-de-seu-irmao-gemeo-na-terra.html
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