quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Sondas gêmeas entram na órbita da Lua na virada do ano

As duas sondas de prospecção espacial Laboratório de Recuperação da Gravidade e Interior (Grail, na sigla em inglês, ou Graal) interromperão a viagem que fazem no espaço para atingir o seu ponto de destino: a órbita da Lua.
Uma vez lá, as sondas vão explorar o interior do satélite natural da Terra. A chegada está prevista na virada do ano novo.
"Embora desde a década de 1970 tenhamos enviados mais de uma centena de missões à Lua, incluindo duas nas quais os astronautas caminharam sobre sua superfície, a verdade é que há muitas coisas que não sabemos sobre ela", disse Maria Zuber, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), pesquisadora-chefe do programa Grail.
As sondas gêmeas estão viajando rumo à Lua desde o lançamento no último mês de setembro. No próximo sábado (31), uma das sondas gêmeas acionará seus foguetes para diminuir a velocidade de modo que fique submetida à gravidade da Lua a 56 quilômetros da superfície lunar.
No dia seguinte, a outra sonda fará uma manobra similar e ambas traçarão um mapa da gravidade da Lua medindo os efeitos desta força sobre suas trajetórias orbitais.
"Entre as muitas coisas que não sabemos sobre a Lua é por que o lado oculto é tão diferente do lado visível", declarou Zuber, referindo-se ao hemisfério lunar que não pode ser visto da Terra.
"A resposta deve estar no interior do satélite", especula a pesquisadora. Ela acrescentou que a missão de estudo começará em março e deve durar 82 dias, embora os cientistas tenham pedido à Nasa (agência espacial americana) uma prorrogação até dezembro.
PARTICIPAÇÃO DE JOVENS
A missão não está restrita aos cientistas e acadêmicos: cada uma das sondas Grail, impulsionadas por energia solar, está equipada com quatro câmaras operadas por grupos de estudantes de nível médio.
"Mais de 2.100 escolas em todo o país se registraram para este programa", comentou Zuber.
A Nasa qualificou a missão Grail como "uma viagem ao centro da Lua" já que a medição da força de gravidade permitirá a construção de mapas cem a mil vezes mais precisos sobre o interior de satélite que os obtidos até agora.
Durante a missão, as sondas orbitarão a uma distância, uma da outra, de 200 quilômetros. Segundo os cientistas, as mudanças regionais na gravidade lunar farão com que diminuam ou aumentem levemente sua velocidade.
Isto, por sua vez, modificará a distância que as separa e os sinais de rádio transmitidos pelas sondas medirão as variações menores. Desta forma, os pesquisadores poderão criar mapas do campo de gravidade.
Com esses dados, os cientistas serão capazes de deduzir o que há debaixo da superfície lunar com suas montanhas e crateras e poderiam até entender melhor por que o lado oculto da Lua é mais abrupto que o lado visto desde a Terra.
Outro mistério que a missão Grail poderia revelar, segundo Zuber, é se a Terra teve em outro tempo uma segunda lua menor.
Há astrônomos que acreditam que algumas das marcas na superfície da Lua são resultado de uma colisão com um satélite menor.

Ilustração artística mostra como as sondas gêmeas vão operar juntas para reunir dados sobre a Lua
Ilustração artística mostra como as sondas gêmeas vão operar juntas para reunir dados sobre a Lua

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