Os dias em Vênus já não são como antigamente: aparentemente, estão seis minutos e meio mais longos.
A constatação é de Nils Müller, pesquisador da DLR (agência espacial alemã) que trabalha com dados da sonda europeia Venus Express.
Em estudo publicado no periódico científico "Icarus", ele contrastou as observações de radar feitas pela espaçonave para mapear a superfície venusiana com as coletadas entre 1990 e 1994 pela sonda americana Magellan.
Surpresa: alguns traços na superfície não estavam onde eles imaginavam encontrá-los. A única explicação para isso é que, entre essa época e hoje, o planeta passou a girar mais devagar em torno de seu próprio eixo.
Seria esse um indício de que Vênus teve dias muito mais curtos no passado? "É muito improvável que essa mudança no período de rotação possa ser extrapolada para períodos como 200 anos ou mais", disse Müller à Folha. "É mais provável que estejamos apenas vendo uma oscilação."
Para ele, padrões variáveis de vento devem levar o planeta a acelerar ou frear seu movimento de rotação de tempos em tempos. "Houve medições de radar nos anos 70 e 80 e elas apontaram mais ou menos o mesmo período de rotação mais longo do que encontramos agora. Então, essa é provavelmente a duração média do dia em Vênus, e os dados da Magellan na década de 1990 representaram uma flutuação."
De toda forma, os dias mais longos não devem alterar muito os planos de quem pretenda enfrentar o ambiente inóspito de nosso vizinho planetário mais próximo (temperatura sempre acima de 400 º C e pressão atmosférica cem vezes maior que a da Terra na superfície). Com um período de rotação equivalente a pouco mais de 243 dias terrestres, dificilmente seis minutos e meio a mais fariam alguma diferença.
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