Funcionários trabalham no novo centro de meteorologia espacial europeu, inaugurado na Bélgica. Financiado pela Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), o centro usará observações de dezenas de universidades, institutos de pesquisa e empresas privadas para vigiar as tempestades solares que podem queimar satélites Eric Lalmand/BELGA/AFP |
O primeiro centro de meteorologia espacial europeu foi inaugurado em Bruxelas com a finalidade de tentar evitar que as tempestades solares queimem satélites e ameacem astronautas, aviões comerciais e, inclusive, linhas elétricas terrestres.
Financiado por 14 países membros da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), o centro europeu de coordenação de meteorologia espacial estará totalmente operacional em 2020. Para conseguir avisar o quanto antes o início destas tempestades solares, o centro usará observações de dezenas de universidades, institutos de pesquisa e empresas privadas.
Estas erupções solares são impossíveis de prever e podem acontecer a qualquer momento, particularmente quando há picos de atividade solar, como a iniciada no ano passado. Na pior das hipóteses, um fenômeno assim poderia afetar a Terra, interrompendo os transportes aéreos ou as linhas telefônicas.
Quanto antes é detectada a erupção, mais eficazes serão as medidas de prevenção, afirmam os especialistas da ESA que projetaram este centro de vigilância.
"Um piloto sempre tem a possibilidade de aterrissar porque tem alternativas [que não os satélites] para navegar, mas se a perturbação aparecer sem aviso, em um mau momento, pode chegar a ser perigoso", explicou Juha-Pekka Luntama, encarregado da meteorologia na ESA, nesta quarta-feira (3).
Uma anomalia de satélite pode provocar distorções. Assim, a aeronave pode receber uma informação de seu ponto de localização deslocado uma centena de metros do local onde realmente está, o que é suficiente para errar sua aproximação da pista de aterrissagem.
A atmosfera e a magnetosfera protegem os habitantes da Terra de partículas projetadas pelo Sol, mas isto não acontece no espaço, particularmente quando se trata de satélites que se movimentam a grande altitude, como os de telecomunicações geoestacionários (que ficam a 36 mil quilômetros) ou de navegação (como os do sistema americano GPS ou do sistema europeu Galileu), que são mais vulneráveis.
As erupções de baixa intensidade não têm efeitos importantes. No máximo, provocam uma bela aurora boreal e leves problemas de recepção de rádio ou nos sistemas de navegação dos automóveis.
Um furacão solar, ao contrário, como o que afetou em 1859 a rede mundial de telégrafos, eletrocutou alguns operadores e incendiou escritórios dos correios, pode ter maiores consequências na nossa época, que conta com muitos mais sistemas de comunicação na ocasião.
Segundo a ESA, uma ejeção de massa coronal que projete partículas - prótons, elétrons, núcleos de hélio - a uma velocidade de mais de 2.000 quilômetros por segundo poderia destruir entre 50 e 100 satélites, ou seja, cerca de 10% dos que estão em órbita atualmente.
"No pior dos casos, seria possível danificar os transformadores e seria preciso semanas ou talvez meses para substitui-los", afirmou Luntama.
Se a erupção for detectada a tempo, é possível desativar os satélites, reduzir a potência das redes elétricas, desviar os aviões ou impedir que decolem. Os ocupantes da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) também poderão se refugiar em módulos blindados especiais.
Fonte: http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/afp/2013/04/04/europa-cria-centro-para-prevenir-efeitos-das-tempestades-solares.htm
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