Astrônomos fazem o melhor mapa 3D do núcleo da Via Láctea

Centro da nossa galáxia fica a 27 mil anos-luz de distância da Terra.
Visto de perfil, bojo parece casca de amendoim com dois frutos dentro.

Via Láctea vista de perfil, sob uma perspectiva diferente da que temos a partir da Terra (Foto: ESO/Nasa/JPL-Caltech/M. Kornmesser/R. Hurt)

Dois grupos de astrônomos usaram dados de telescópios do Observatório Europeu do Sul (ESO), instalados no norte do Chile, para criar o melhor mapa 3D já feito do núcleo da Via Láctea, situado a 27 mil anos-luz de distância da Terra, na constelação de Sagitário.
Segundo os cientistas, quando visto de perfil, o bojo central da nossa galáxia parece uma bola brilhante de estrelas em forma de uma casca de amendoim com dois frutos dentro – estrutura semelhante já foi observada em núcleos de outras galáxias. Por outro ângulo, a Via Láctea parece ter braços em forma de um X gigante e, de cima, vira uma barra espiral alongada.
O modelo em três dimensões foi desenvolvido também com base em medições dos movimentos de centenas de estrelas localizadas no núcleo da Via Láctea. O centro da nossa galáxia é uma de suas regiões mais importantes, com cerca de 10 bilhões de estrelas com dimensões de milhares de anos-luz.

Núcleo da Via Láctea se parece com casca de
amendoim com dois frutos dentro (Foto: Heinz
Tschanz-Hofmann/TIPS/Photononstop/Arquivo AFP)

Até agora, a estrutura e a origem desse disco – normalmente obscurecido por nuvens densas de gás e poeira – ainda não eram bem compreendidas. Com os avanços dos telescópios infravermelhos, porém, os astrônomos do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre, na Alemanha, e da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Chile finalmente conseguiram ver além da poeira.
O instituto alemão identificou no núcleo da Via Láctea milhões de astros apenas da categoria gigante vermelha, da qual o Sol fará parte em cerca de 5 bilhões de anos. Já o grupo chileno mapeou os movimentos em 3D de mais de 400 estrelas.
Na visão dos astrônomos, a Via Láctea era originalmente um disco puro de astros, que acabou formando uma barra plana há bilhões de anos. Ao longo do tempo, essa barra deu origem à forma de amendoim vista agora.

Telescópio de 3,6 m do ESO em La Silla, no Chile, um dos usados nas observações (Foto: ESO/S. Brunier)

Impressão artística mostra estrutura da Via Láctea, incluindo os braços em espiral e componentes como o bojo central (Foto: Nasa/JPL-Caltech/ESO/R. Hurt)

Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2013/09/astronomos-fazem-o-melhor-mapa-3d-do-nucleo-da-lactea.html