A Nasa está voltando à Lua para estudar uma coisa que quase ninguém sequer
imaginava que existisse: a atmosfera lunar.
Se tudo correr bem, a sonda não tripulada Ladee (sigla para Explorador do
Ambiente de Poeira e Atmosfera Lunar) deve decolar nesta sexta-feira, iniciando
uma série de primazias para o programa espacial americano.
Será a primeira decolagem da Instalação de Voo Wallops, centro da Nasa na
Virgínia. Até então, os lançamentos costumavam ser feitos a partir do Cabo
Kennedy, na Flórida.
Também será a primeira espaçonave a manter comunicação com o pessoal em terra
por laser, em vez de rádio, além da órbita terrestre.
Tudo para analisar a poeira que, ao que tudo indica, se eleva da superfície
lunar, por motivos ainda não totalmente compreendidos.
QUASE NADA
Chamar o objeto de estudo da Ladee de "atmosfera" chega a ser uma gentileza.
Para os efeitos práticos, a Lua não tem um invólucro gasoso como a Terra. O que
há, na melhor das hipóteses, são partículas do solo em suspensão.
Só elas poderiam explicar um estranho brilho observado na borda da Lua no
nascer do Sol, visto pelos astronautas das missões Apollo nas décadas de 1960 e
1970.
Da Terra, é possível estudar a atmosfera de outros mundos no Sistema Solar
por meio das ocultações, nas quais o astro a ser investigado passa à frente de
uma estrela de fundo.
Analisando a luz que passa de raspão pelo objeto de estudo, é possível
determinar a existência de uma atmosfera e até sua composição.
Isso já foi feito para a Lua, sem resultado apreciável. "Pelo que sei, nas
ocultações estelares pela Lua, não há nenhuma assinatura de atmosfera, o que
significa que ela deve ser de pressão muito baixa e inferior ao limite de
detecção", diz Roberto Vieira Martins, astrônomo do Observatório Nacional que
estuda objetos além da órbita de Netuno usando essa técnica.
Ou seja, a Ladee está num território novo. A Nasa estima que a densidade da
atmosfera lá seja um centésimo de milésimo da terrestre.
Numa órbita baixa ao redor da Lua (até 20 km da superfície), a sonda tentará
colher grãos de poeira que possam estar em suspensão e medir a luminosidade
emanada por eles no horizonte, para detectar sua natureza e composição exata.
Outro experimento importante da sonda é de cunho tecnológico. Ao usar laser
para a comunicação, ela pode iniciar a aposentadoria do rádio como forma de
transmissão de dados no espaço profundo. As vantagens são a energia bem mais
baixa para enviar e receber pulsos de luz e a maior velocidade de transmissão de
dados.
A espaçonave deve passar cem dias em sua fase científica, depois dos quais
ela naturalmente decairá em sua órbita, até colidir com o solo lunar. A Nasa
espera receber dados da sonda, que custou US$ 280 milhões, até o momento do
choque.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2013/09/1336536-sonda-da-nasa-vai-analisar-a-tenue-atmosfera-da-lua.shtml
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