A sonda espacial Voyager-1, que acaba de completar 35 anos ainda na ativa, parecia estar prestes a celebrar um marco histórico: seu salto para o espaço interestelar.
Carregando um disco de ouro com imagens e sons da Terra e informações científicas, a nave marcou época por ser a primeira "mensagem na garrafa" cósmica enviada pelo nosso planeta -um recado para possíveis civilizações extraterrestres que derem a sorte de encontrá-la (veja ficha técnica no infográfico).
Agora, porém, cientistas estão em dúvida sobre sua localização -pode ser que ela ainda não esteja nas fronteiras do Sistema Solar, ao contrário do que se pensava.
O fenômeno que traça a fronteira entre a zona de influência do Sol e a exterior é o chamado vento solar: as partículas eletricamente carregadas emitidas por nossa estrela em alta velocidade.
Os cientistas da Voyager-1 achavam que a nave já tinha se aproximado da chamada heliopausa, onde o vento solar encontra o vento interestelar (vindo do resto da Via Láctea). Nessa fronteira, os dois se anulam.
Em abril de 2010, a nave parou de sentir o vento solar, e cientistas concluíram que a calmaria era sinal de que as partículas do Sol estavam sendo freadas pelas da região interestelar. A nave estaria exatamente na transição da heliopausa, prestes a saltar para fora do reino do Sol.
Para confirmar a descoberta, em 2011, os cientistas decidiram rotacionar a Voyager-1 para fazer mais medidas. Mesmo sendo incapaz de detectar o vento solar radial (vindo diretamente do Sol), a espaçonave deveria sentir o vento meridional (que ricocheteia na heliopausa e sopra perpendicularmente).
A tentativa, porém, foi em vão, relatou ontem Robert Decker, astrofísico da Universidade Johns Hopkins (EUA), na revista "Nature". Os detetores da nave não estavam sentindo nem uma brisa.
"Concluímos que a Voyager-1 não está perto da heliopausa", escreveu Decker. Existe a possibilidade, diz, de que essa região seja uma fronteira móvel e tenha se afastado ao longo de um ano.
O célebre disco de ouro das Voyagers foi idealizado pelo astrônomo pop star Carl Sagan (1934-1996). O comitê reunido por ele fez de tudo para que as instruções para tocar o disco pudessem ser entendidas por qualquer criatura com conhecimento científico avançado, usando como unidade o período de uma transição dos átomos de hidrogênio -os mais comuns e "básicos" do Universo.
À velocidade atual, a pobre nave precisará de 17 mil anos -mais ou menos o tempo que nos separa do auge da Idade do Gelo- para viajar um ano-luz completo.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/1150320-nave-voyager-faz-35-anos-de-viagens-no-limite-do-sistema-solar.shtml
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