Uma ideia nascida em um encontro científico de astronomia resultou, cinco
anos depois, em um festejado acordo entre Brasil e Argentina para a construção
de um novo telescópio.
O projeto representa uma oportunidade única para astrônomos brasileiros, que
hoje têm de disputar outras antenas com cientistas do mundo todo.
O Llama (sigla em inglês para Arranjo Milimétrico Latino-americano), como foi
batizado, será construído a 5.000 metros de altitude em San Antonio de los
Cobres, no norte da Argentina, a 200 quilômetros do Alma (Chile), o maior
observatório astronômico do mundo.
Assim como o Alma, o Llama vai operar na faixa de frequência mais altas de
ondas de rádio --que não são absorvidas pela poeira interestelar e, portanto,
permite que o observador possa enxergar mais longe, até a borda do universo.
Atualmente poucos observatórios no mundo operam nessa frequência.
A proximidade entre os dois é outro diferencial, porque permitirá a
observação em rede de um mesmo fenômeno com mais detalhes.
No Alma, a possibilidade de cooperação também é vista com bons olhos. O
diretor do observatório, Thijs de Graauw reconheceu a iniciativa como uma ótima
oportunidade para o próprio projeto e para que pesquisadores brasileiros e
argentinos participem das pesquisas no Alma.
Segundo uma das coordenadoras do projeto, Zulema Abraham, foram necessários
muitos anos, um workshop científico, visitas a outros telescópios e o aval dos
dois governos e de cientistas estrangeiros para que a proposta fosse aprovada,
no ano passado.
Pelo acordo, o Brasil ficará responsável pela construção da antena --cujo
orçamento estimado em 6 milhões de euros será financiado pela Fapesp-- enquanto
o país vizinho cederá o local e fornecerá a infraestrutura necessária, como
obras viárias e fornecimento de energia, com um investimento equivalente.
Segundo Abraham, após a assinatura do convênio, que deve ocorrer nos próximos
meses, a expectativa é que o telescópio esteja pronto em cerca de dois anos e
meio.
"Já era hora de Brasil e Argentina estreitarem seus laços. Se for inviável
para um país construir sozinho um equipamento de última geração, é necessária
uma união", afirma o astrônomo Pedro Beakilini, pós-doutorando da USP envolvido
no projeto.
Do lado argentino, a expectativa também é grande. "O Llama é um sonho
transformado em realidade. Não foi fácil, mas fizemos um bom trabalho com os
colegas brasileiros. Pessoalmente, é uma grande responsabilidade e um enorme
orgulho poder contribuir para melhorar as condições de investigação astronômica
para as gerações atuais e futuras de ambos os países" ressaltou Marcelo Arnal,
responsável pelo projeto no país vizinho.
Ao que tudo indica, a construção desse novo telescópio em terras argentinas
promete colocar ambos os países em um lugar de maior importância em um contexto
internacional. O céu, nesse caso, não é o limite.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2013/08/1325767-brasil-e-argentina-vao-construir-telescopio-em-parceria.shtml
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