segunda-feira, 4 de novembro de 2013

DOSSIÊ: AQUECIMENTO GLOBAL (3º Parte)

Até 150 anos atrás, constataram que a quantidade de dióxido de carbono descarregado na atmosfera nunca excedeu a proporção perfeitamente aceitável de 280 partes por milhão (abreviada como ppm). Então, a situação mudou drasticamente. A concentração de dióxido de carbono subiu para 379 ppm e continua a aumentar. E não apenas isso: a taxa de aumento foi de 1,9 ppm por ano de 1995 a 2005.
Para os especialistas reunidos pela ONU, não há dúvida. O perigo é real. E a principal fonte de aumento do gás é o uso de combustíveis fósseis, com o desmatamento também contribuindo com uma parcela significativa, mas menor. "Não se debate mais se a Terra está esquentando de forma sem precedentes nos últimos 10 milhões de anos", afirma Brooks Hanson, editor da revista Science. "A questão agora é detalhar quais serão as conseqüências das mudanças climáticas."
É o que tentou estabelecer a segunda parte do relatório do IPCC, divulgada em abril, em Bruxelas, capital da Bélgica. E as previsões indicam falta de água potável, crescimento da pobreza, derretimento de geleiras e conseqüente aumento do nível do mar e odesaparecimento de 20% a 40% das espécies vegetais e animais se o aumento de temperatura for de 1,5 ºC a 2,5 ºC.
Um ponto importante é que o aquecimento global não afeta o mundo todo nem os vários países de maneira igual. Em um primeiro momento, as nações mais próximas do Pólo Norte (que já são as mais ricas) podem ser beneficiadas economicamente. A camada de gelo que encobre o Ártico encolhe ano a ano tanto em extensão quanto em espessura. Num futuro não muito distante, o norte do planeta Terra corre o risco de ficar totalmente sem gelo durante o verão. A Federação Russa e o Canadá poderiam ter safras melhores e invernos menos gelados nas próximas décadas.
Mas os benefícios são relativos. Já está havendo, por exemplo, uma antecipação dos eventos da primavera, como emissão de folhas, migração de pássaros e postura de ovos. Animais e plantas do frio estão se deslocando em direção aos pólos e para altitudes mais elevadas. O mesmo ocorre com a distribuição e a migração de peixes.
OS MAIS AFETADOSO relatório prevê que África e Ásia serão os continentes mais prejudicados e, neles, os países mais pobres e com menor tecnologia e capacidade de adaptação, os mais atingidos. Nas regiões desérticas da África, as condições mais quentes e secas já estão provocando redução da época de cultivo. Até 2020, projeta-se que entre 75 milhões e 250 milhões de pessoas estarão expostas à maior escassez de água. Esse fato, conjugado com um aumento da demanda, fará com que os meios de subsistência já raros dos países africanos sejam ainda mais afetados.
Na Ásia, estima-se que o derretimento das geleiras do Himalaia aumente as inundações e avalanches de pedra e afete os recursos hídricos nas próximas duas ou três décadas. Depois, poderia haver uma diminuição de água, em razão da redução no fluxo dos rios, o que pode prejudicar mais de 1 bilhão de pessoas. As áreas costeiras, principalmente as mais populosas nos grandes deltas, correrão mais riscos, por causa do aumento do nível do mar e das inundações dos rios. Nesse caso, haveria mais doenças endêmicas, decorrentes das inundações e das secas posteriores, como cólera e diarréia.
O aumento do nível do mar, sua acidificação (provocada pela dissolução do carbono na água) e seu aquecimento devem afetar os corais e, conseqüentemente, a produção de peixes em regiões da Austrália, do oeste da África e da Ásia. Países localizados em ilhas, como Tuvalu, no oceano Pacífico, e Maldivas, no oceano Índico, podem sumir do mapa, bem como cidades costeiras e manguezais. Os países litorâneos em todos os continentes sofrerão mais com inundações e erosão na costa, com prejuízos para os ecossistemas terrestres e marinhos.

Fonte:  http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/conteudo_262600.shtml?func=1&pag=2&fnt=14px

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