terça-feira, 5 de novembro de 2013

DOSSIÊ: AQUECIMENTO GLOBAL (4º Parte)

Até meados do século XXI, projeta-se que os aumentos de temperatura e a redução na disponibilidade de água possam substituir gradualmente parte da floresta tropical por savanas no leste da Amazônia. A vegetação se tornaria mais árida. Conforme o relatório, "há um risco de perda significativa da biodiversidade por causa da extinção das espécies em muitas áreas tropicais".
No Brasil, o Nordeste é a região mais sensível ao aquecimento global. Com a elevação de temperatura de 1,5 ºC, parte do lençol freático poderá desaparecer. Os açudes correm o risco de secar. Ao mesmo tempo, chuvas incomuns podem ocorrer em algumas áreas, ampliando a erosão do solo.
No Sul e Sudeste, a quantidade de chuvas não deve diminuir, mas as precipitações poderão concentrar-se em períodos menores, com conseqüências para a agricultura. Temem-se os efeitos do aumento do nível do mar em cidades litorâneas, como Rio de Janeiro e Recife. Os pesquisadores chamam atenção para a possibilidade de ocorrência de ciclones e furacões no Sul, como o que houve em Santa Catarina em 2004.
O QUE SE PODE FAZER
Os terríveis cenários previstos pelos cientistas certamente terão conseqüências em termos estratégicos e geopolíticos. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos alerta para o fato de que o mundo atingido pelas mudanças climáticas será mais instável e perigoso. Haverá aumento de migrações e até mesmo invasões populacionais para obter recursos como água e alimentos. E os maiores problemas ocorrerão justamente onde já existem graves dificuldades políticas, como em partes da Ásia e da África. Em alguns locais, adverte o Departamento de Defesa, a tensão social causada pela fome poderia se tornar mais explosiva combinada com a tensão étnorreligiosa.
Há solução para isso? Sim, mas implica mudanças profundas no modo de vida do planeta. Isso é o que mostrou a terceira parte do relatório do IPCC, sobre estratégias e tecnologias destinadas a combater o aquecimento global, divulgado em maio, em Bangcoc, capital da Tailândia. O trabalho mostra que o mundo terá de fazer cortes significativos na emissão de gases do efeito estufa se quiser manter o aquecimento no limite de 2 ºC neste século.
Na prática, significa que a sociedade moderna precisa reduzir a dependênciados combustíveis fósseis, promover a eficiência energética e ampliar o uso de energias renováveis e da polêmica energia nuclear, além de aplicar novos padrões na agricultura, na construção civil, no transporte e na coleta de lixo. O custo de estabilizar as emissões de CO2 entre 445 ppm e 535 ppm, dizem os especialistas, seria de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial até 2030, com uma perda de 0,12% ao ano no crescimento econômico no mesmo período.
O relatório de Bangcoc recomenda aos países o uso em larga escala de biocombustíveis nos transportes, principalmente do etanol feito de cana-de-açúcar, e levanta a questão delicada de como as economias ricas podem financiar países como o Brasil a evitar o desmatamento.
O texto propõe repassar o "preço do carbono" aos consumidores e produtores, ou seja, fazer com que os preços na economia incluam o dano ambiental causado pela queima de combustíveis.

Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/conteudo_262600.shtml?func=1&pag=3&fnt=14px

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