Espectrômetro Magnético Alfa (EMA) vai verificar se existe 'universo negro'.
Detector foi construído pelo Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern).
Um detector de partículas pesando sete toneladas instalado há mais de um ano na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) tentará estabelecer se existe um "universo negro" invisível entretecido no cosmos, disse nesta quarta-feira (25) um importante cientista do projeto.
O detector, chamado Espectrômetro Magnético Alfa (EMA), já quebrou todos os recordes ao registrar cerca de 17 bilhões de raios cósmicos, armazenando seus dados para análises, disse o físico Samuel Ting, ganhador do Prêmio Nobel, em entrevista coletiva.
"A questão é: onde o universo é feito de antimatéria? Ela pode estar por aí, num lugar bem longe, produzindo partículas que poderíamos detectar com o EMA", afirmou.Físicos dizem que o "Big Bang", explosão primordial que originou o universo há cerca de 13,7 bilhões de anos, deve ter criado quantidades iguais de matéria e de antimatéria. Mas então a antimatéria praticamente sumiu.
A razão disso é um dos grandes segredos do cosmos, investigado por meio do EMA e de estudos feitos no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern), onde Ting falou.
Alguns pesquisadores acreditam que a "matéria invisível", uma forma invisível que ocupa até 25 por cento do universo conhecido, estaria ligada à antimatéria. Mas outros dizem que isso é altamente improvável.
Esses cientistas argumentam que a antimatéria não poderia sobreviver muito perto de partes visíveis do cosmo que, segundo as observações mais recentes, são ocupadas pela matéria escura, o que às vezes gera um "véu" entre planetas e estrelas.
A matéria e a antimatéria são quase idênticas, com a mesma massa, mas "spin" (rotação) e cargas energéticas opostas. Elas podem formar partes diferentes de algumas partículas elementares, mas, caso se misturem, se destroem instantaneamente.
Ting concedeu a entrevista coletiva junto a uma equipe de astronautas dos Estados Unidos que levou o detector, desenvolvido e construído pelo Cern, até a Estação Espacial, em maio do ano passado, na última missão do ônibus espacial Endeavour.
Ele disse que até agora o detector, de US$ 2 bilhões, com seus poderosos ímãs que distorcem as partículas com cargas negativas e positivas em direções diferentes, está funcionando perfeitamente, e que nenhum dos sistemas reservas precisou ser acionado até agora.
Imagem da ISS aparece em monitor no Cern, na Suíça, durante visita de astronautas que levaram o espectrômetro ao espaço. (Foto: Reuters) |
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