Enquanto as superpotências espaciais -Estados Unidos e Rússia- e boa parte dos países ricos uniram esforços para criar a ISS (Estação Espacial Internacional, na sigla em inglês), a China vai na contramão. O país está decidido a ter um cantinho só seu em órbita.
O objetivo é ter uma estação espacial completa por volta de 2022. Enquanto isso, no entanto, o país deverá lançar cápsulas menores para testar os sistemas e as tecnologias que serão utilizadas.
O primeiro passo do projeto bilionário -mas sem cifras confirmadas oficialmente por Pequim- é o lançamento de um módulo científico até o fim deste ano.
Batizado de Tiangong-1, ("Palácio Celestial", em chinês), ele funcionará como uma miniestação espacial e passará dois anos em órbita.
Com cerca de 8,5 toneladas, o módulo deverá ser visitado inicialmente pela nave não tripulada Shenzhou-8. A acoplagem será a primeira feita em órbita pela China.
No ano que vem, uma nave levando três taikonautas (como são chamados os astronautas do país) também deve se acoplar ao módulo, que conta com um pequeno laboratório de experimentos.
Até 2015, outros dois módulos muito parecidos deverão ser lançados. O último deles, Tiangong-3, terá capacidade para abrigar três taikonautas por até 40 dias.
PRÓXIMO PASSO
Após os módulos Tiangong, a China espera lançar entre 2020 e 2022 sua estação espacial completa.
De acordo com a Xinhua, a agência de notícias estatal chinesa, a nave será composta de um módulo principal e de dois anexos, projetados para receber diferentes tipos de experimentos científicos.
No entanto, mesmo com três módulos e aproximadamente 60 toneladas, a nova estação será uma nanica perto da ISS, de 471 toneladas. Até a já aposentada estação russa Mir era maior do que o projeto chinês, com suas 130 toneladas.
Em um simpósio na França, em março, Jiang Guohua, engenheiro-chefe do Centro de Pesquisa e Treinamento em Astronáutica de Pequim, destacou que o China não pretende se isolar em seu cantinho no espaço.
"Nós vamos manter a política de nos abrirmos para o mundo", disse ele.
Muita gente, no entanto, duvida que isso vá acontecer. A começar por uma questão básica: o sistema de acoplamento da futura estação.
Embora Jiang tenha afirmado que o projeto seguirá o modelo padrão da ISS, outras autoridades já sinalizam o contrário. A realidade estaria mais próxima de um sistema fechado chinês, uma espécie de Macintosh do espaço.
A principal declaração foi de Yang Liwei, que em 2003 se tornou o primeiro chinês no espaço e atualmente é o vice-diretor do programa tripulado do país.
Em uma audiência transmitida pela internet, ele afirmou que problemas técnicos "estão dificultando a adoção do sistema de acoplamento padrão da ISS".
Representantes da Nasa já elogiaram publicamente o programa espacial chinês. Mas, questionada pela reportagem sobre o envio de astronautas para a futura estação, a agência espacial americana não se manifestou.
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