Um foguete deve decolar na madrugada da próxima segunda-feira colocando em
órbita o satélite CBERS-3, o quarto lançado pelo programa de observação da Terra
que o Brasil mantém em parceria com a China.
O novo orbitador possui quatro câmeras diferentes -- uma a mais do que a
versão anterior (o CBERS-2B), que parou de operar em 2010. Desde então, o Brasil
está sem meios próprios de observar seu território do espaço.
Durante esse período, programas importantes --como os de monitoramento do
desmatamento na Amazônia-- vêm dependendo exclusivamente da compra de imagens
geradas por satélites estrangeiros, como os americanos Landsat, Terra e Acqua.
O novo satélite CBERS não dá ao Brasil independência total para monitorar seu
território, mas deve tornar a fiscalização mais eficaz.
Segundo José Carlos Epiphanio, coordenador de aplicações do CBERS, a nova
câmera de grande campo de visão usada pelos satélites do programa, a WFI, será
capaz de fazer imagens de toda a Amazônia a cada cinco dias com resolução de 64
metros. "Isso vai ser de grande utilidade para o Deter, o sistema de combate ao
desmatamento em tempo real", afirma.
Hoje o Deter já conta com imagens mais rápidas do Acqua e do Terra, mas sem
resolução tão boa.
A WFI e os outros componentes brasileiros do satélite foram desenvolvidos
pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que também opera o
satélite, em parceria com os chineses.
A principal inovação do novo CBERS em relação ao modelo 2B é a câmeran PAN,
que tem um sensor de alta resolução móvel capaz de apontar para os lados e
fotografar locais fora da trilha de órbita do satélite. Por isso, ela deve ser
útil no monitoramento de desastres imprevistos.
Já a MUX, câmera padrão do CBERS, fará imagens cobrindo todo o território do
Brasil e da China com resolução de 20 metros, automaticamente, a cada 26 dias.
Todas as imagens ficarão disponíveis on-line gratuitamente.
EMBARGO AMERICANO
O lançamento do CBERS-3 estava previsto
originalmente para 2011, mas atrasou dois anos em razão de imprevistos no
desenvolvimento de tecnologias que o Brasil ainda não dominava, diz Leonel
Perondi, diretor do Inpe.
Um dos problemas foi o Itar, um decreto do governo dos EUA que proíbe
empresas americanas de vender componentes espaciais para projetos de cooperação
com a China.
O Inpe havia acertado a compra de conversores de corrente elétrica
americanos, que não eram peças consideradas de uso espacial. Quando o Inpe
estava prestes a obter os componentes, o governo americano resolveu inclui-los
na lista do embargo, e o Brasil teve de encontrar outro fornecedor. "Só isso já
representou um atraso de um ano", afirma Perondi.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2013/12/1381528-brasil-e-china-lancam-4-satelite-juntos.shtml
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