quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Cientista da Nasa relaciona verões extremos a aquecimento global





Diretor do Instituto Goddard da Nasa, James Hansen, diz que mudança climática é pior do que se esperava.


O diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da Nasa, James Hansen, considerado um dos cientistas que mais têm alertado ao longo dos anos sobre os impactos das mudanças climática, disse nesta semana que o problema é maior do que se pensava.
O cientista James Hansen (Foto: AP)
O cientista James Hansen (Foto: AP)
'Minhas projeções sobre o aumento da temperatura global demonstraram ser verdadeiras. Mas falhei em prever a rapidez (das mudanças)', disse Hansen em um artigo publicado no jornal americano 'Washington Post'.
No texto 'A mudança climática está aqui e é pior do que pensávamos', o cientista diz que, quando testemunhou diante do Senado americano, no verão de 1988, traçou 'um panorama obscuro sobre as consequências do aumento contínuo da temperatura impulsionado pelo uso de combustíveis fósseis'.
'Tenho uma confissão a fazer', disse, no artigo. 'Fui muito otimista.'
O novo estudo teve sua publicação pela revista da Academia de Ciências dos EUA (Proceedings of the National Academy of Sciences) antecipada após o artigo de Hansen no jornal.
'Verões extremos'
Segundo Hansen, os verões de calor extremo registrados recentemente em diversos pontos do planeta provavelmente são resultado do aquecimento global.
Entre os episódios atribuídos à mudança climática, ele cita a seca do ano passado nos Estados americanos do Texas e de Oklahoma, as temperaturas extremas registradas em Moscou em 2010 e a onda de calor que atingiu a França em 2003.
As variações climáticas naturais podem ser muito amplas e a relação entre fenômenos extremos e aquecimento global é tema de intensa controvérsia.
No entanto, Hansen afirma que as recentes ondas de calor estão vinculadas à mudança climática e que a nova análise estatística realizada por ele e outros cientistas da Nasa mostra claramente esse vínculo.
Os cientistas da Nasa analisaram a temperatura média no verão desde 1951 e mostraram que em décadas recentes aumentou a probabilidade do que definem como verões 'quentes', 'muito quentes', e 'extremamente quentes'.
Os verões 'extremamente quentes', dizem, se tornaram mais frequentes. Desde 2006, cerca de 10% da superfície em terra (não sobre o mar) no hemisfério norte tem registrado essas temperaturas extremas a cada verão.
Mapa de satélite mostra temperaturas globais (Foto: Nasa/SPL)
Mapa de satélite mostra temperaturas
globais (Foto: Nasa/SPL)
Hansen disse que é necessário que o público entenda o significado do aquecimento global devido à ação humana.
'É pouco provável que as ações para reduzir as emissões de gases alcancem os resultados necessários enquanto o público não reconhecer que a mudança climática causada pela ação humana está ocorrendo', disse.
'E perceber que haverá consequências inaceitáveis se não forem tomadas ações eficazes para desacelerar este processo.'
Reações
De acordo com o analista de meio ambiente da BBC, Richard Black, o estudo de Hansen foi recebido com reações diversas pela comunidade científica.
Andrew Weaver, da Universidade Victoria, no Canadá, disse que o estudo é um trabalho 'excelente', que requer uma pergunta diferente da feita por Hansen e seus colegas.
'Perguntar se isso se deve à mudança climática é equivocado', disse Weaver.
'O que podemos perguntar é o quão provável é que isso pudesse ocorrer na ausência do aquecimento global. É tão extraordinariamente improvável que a causa tem que ser o aquecimento global.'
Mules Allen, professor da Universidade de Oxford, disse que o estudo concorda em linhas gerais com análises prévias, mas observa que a interpretação vai 'além do que muitos cientistas aceitariam sem problemas'.

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