segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Galáxias ajudam estudo sobre dissipação de nevoeiro cósmico

Cientistas utilizaram o telescópio Very Large do ESO (Observatório Europeu do Sul) para sondar o Universo primordial em diferentes idades à medida que este se tornou transparente à radiação ultravioleta.
Esta breve, porém dramática, fase da história cósmica --conhecida como reionização-- ocorreu há cerca de 13 bilhões de anos.
Ao estudar detalhadamente as galáxias mais distantes já encontradas, a equipe conseguiu determinar pela primeira vez a linha cronológica da reonização --a fase deve ter ocorrido mais depressa do que os astrônomos pensavam anteriormente.
O telescópio foi usado como uma "máquina do tempo" e observou no Universo primordial várias das galáxias mais distantes já detectadas.
A equipe conseguiu medir distâncias de forma precisa e descobriu que estamos vendo estas galáxias tal como eram entre 780 milhões a 1 bilhão de anos depois do Big Bang.
Durante esta fase, o nevoeiro de hidrogênio gasoso estava para desaparecer, permitindo que a radiação ultravioleta atravessasse o Universo pela primeira vez sem ser impedida.
Os novos resultados, que serão publicados na revista especializada "Astrophysical Journal", resultaram de uma procura longa e sistemática de galáxias distantes ao longo dos últimos três anos.
"Os arqueólogos conseguem reconstruir uma linha cronológica do passado a partir dos artefatos que encontram em diferentes camadas no solo. Os astrônomos podem fazer melhor: podem olhar diretamente para o passado distante e observar a radiação tênue de diferentes galáxias em diferentes estados da evolução cósmica," explica Adriano Fontana, do Observatório Astronômico de Roma, INAF, que liderou o projeto.
CRONOLOGIA
Além de sondar a taxa à qual o nevoeiro primordial desapareceu, as observações da equipe sugerem também a fonte provável de radiação ultravioleta, a qual forneceu a energia necessária à ocorrência da reionização.
Existem várias teorias que competem entre si sobre a origem desta radiação --duas das principais referem-se à primeira geração de estrelas no Universo e à intensa radiação emitida pela matéria que cai em buracos negros.
"A análise detalhada da radiação tênue emitida pelas duas galáxias mais distantes que encontramos sugere que a primeira geração de estrelas pode ter contribuído para a energia libertada observada," diz Eros Vanzella do INAF Observatório de Trieste, um membro da equipe de investigação.
"Seriam estrelas muito jovens e de grande massa, cerca de 5.000 vezes mais jovens e com cem vezes mais massa do que o Sol. Estas estrelas teriam sido capazes de dissipar o nevoeiro primordial, tornando-o transparente", acrescentou.
Serão necessárias medições muito mais precisas para confirmar ou excluir esta hipótese e mostrar que as estrelas podem produzir esta energia.
Ilustração artística mostra como seriam as galáxias no fim da era da reionização
Ilustração artística mostra como seriam as galáxias no fim da era da reionização

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