"O problema não ocorreu no Soyuz, mas nos sistemas em Terra", explicou à imprensa em Kourou, na Guiana Francesa, o presidente de Arianespace, Jean-Yves Le Gall.
Decidiu-se pelo adiamento depois da detecção de uma anomalia durante o abastecimento de combustível do foguete Soyuz, segundo a ESA.
O sistema automático em Terra que controla os conectores emitiu um alerta ao registrar uma "redução da pressão" inesperada, revelou Gall, que explicou que os responsáveis pelo lançamento decidiram "esvaziar os tanques e substituir a válvula" com defeito.
"É preciso ver se é possível substituir essa válvula e se nossas equipes, que passaram a última noite em claro, têm condições de se organizar para uma segunda noite insone", detalhou Gall, visivelmente contrariado com a situação.
O cancelamento foi decidido de última hora pelos responsáveis da Soyuz, depois de uma reunião técnica prévia organizada nesta mesma madrugada na base de lançamentos de Kourou.
"Decidimos, às 2h30 no horário local, (5h30 de Brasília) encher os foguetes Soyuz. Ao fim da terceira fase, detectamos falhas em dois conectores que permitem essa operação", explicou Gall.
Arianespace insistiu em que tanto o foguete quanto os dois satélites Galileu ficaram "em condições de máxima segurança".
"Sentimos um pouco de decepção, mas nao estamos envolvidos em uma tarefa difícil e isto é um bom exemplo", comentou Gall.
O diretor-geral da ESA, Jean-Jacques Dordain, minimizou o drama pelo cancelamento e o considerou normal neste tipo de operações.
"Infelizmente, a experiência me mostrou que situações como estas acontecem", afirmou à Agência Efe Dordain, que acrescentou: "Não é nada dramático, tudo está sob controle."
O lançamento do foguete, o primeiro de um Soyuz a partir do Centro Espacial Europeu de Kourou, tinha como missão colocar em órbita os dois primeiros satélites dos 30 que completarão a constelação Galileu, o sistema de navegação europeu que deve concorrer com o americano GPS a partir de 2014.
O Galileu é provavelmente o programa mais ambicioso da história aeroespacial europeia e se presume que é o único de sua espécie sob controle civil.
Os sócios europeus defendem as vantagens do Galileu não só em matéria de gestão de transporte (aumento da segurança, agilização das operações, redução dos congestionamentos e a deterioração do meio ambiente), mas também em serviços para agricultura, pesca, saúde e na luta contra a imigração ilegal.
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