quinta-feira, 21 de julho de 2011

Atlantis faz pouso perfeito na Flórida e encerra era dos ônibus espaciais

Pouco antes de o Sol nascer na Flórida, o Atlantis fez um pouso tranquilo em Cabo Canaveral, pondo fim à etapa mais longa e tempestuosa da exploração tripulada do espaço pela Nasa.
A nave, comandada por Chris Ferguson e tripulada por Rex Walheim, Sandy Magnus e Doug Hurley, chegou às 6h56 (horário de Brasília), exatamente o horário previsto desde que o pouso tinha sido acertado para esta quinta (21). "Parece que vai ser um dia lindo", disse Ferguson antes de pousar, comentando as condições meteorológicas favoráveis para a descida.
Cerca de uma hora e meia antes do pouso, o astronauta Barry Wilmore, que estava no controle da missão em Houston, no Texas, avisou os tripulantes: "Está tudo fantástico, portanto vocês estão confirmados para o 'deorbit burn' [a arrancada necessária para deixar a órbita] e podem manobrar no tempo previsto".
"Ótimo, Butch [apelido do astronauta]", respondeu o comandante Ferguson.
Pouco mais de meia hora depois, os motores de manobra do Atlantis foram acionados por três minutos, conforme a nave passava por cima da Malásia. Com isso, a nave diminuiu sua velocidade e começou a atravessar a atmosfera.
O aviso duplo da chegada foi o de sempre: dois estrondos sônicos causados pela violência da passagem da nave pelo ar.
"Ele [o Atlantis] incendiou a imaginação de uma geração inteira e foi uma nave como nenhuma outra", declarou o comentarista oficial da Nasa TV, emissora da agência espacial, conforme o Atlantis deslizava graciosamente pela pista da Flórida, de forma tão tranquila quanto um avião de carreira. A Nasa TV transmitiu toda a jornada ao vivo pela internet.
"O ônibus espacial mudou a maneira como vemos o mundo, a maneira como vemos o Universo", disse Ferguson assim que a nave pousou. "Os Estados Unidos não vão parar de explorar [o Universo]." Ele também fez um tributo à equipe da Nasa. "Obrigado por nos proteger e dar a este programa um fim digno." Era o fim do voo de número 33 da nave.
"O Atlantis foi uma nave como nenhuma outra", declarou o comentarista oficial da Nasa TV durante o pouso
APOSENTADORIA
A nave agora irá para um museu, o do Complexo de Visitantes do Centro Espacial Kennedy, perto da própria pista de pouso. Destino parecido terão os demais ônibus espaciais sobreviventes da frota original. O Discovery irá para a Instituição Smithsonian em Chantilly, na Virgínia, enquanto o Endeavour terá como novo lar o Centro de Ciência da Califórnia, em Los Angeles.
Os EUA ficam agora sem acesso próprio ao espaço até, no mínimo, a metade desta década, quando naves construídas pela iniciativa privada deverão entrar em operação. Por enquanto, astronautas americanos precisarão de caronas nas naves russas Soyuz para acessar a órbita baixa da Terra e participar da tripulação da ISS (Estação Espacial Internacional, na sigla em inglês).
HISTÓRIA CONTURBADA
O programa do ônibus espacial tem duas tragédias no currículo: as explosões da Challenger, em 1986, pouco depois de decolar, e do Columbia, em 2003, pouco antes de chegar à Terra.
Ambas deixaram claro que, apesar da elegância aerodinâmica, o ônibus espacial era uma máquina excessivamente complexa, com fragilidades estruturais (como os escudos térmicos formados por grande número de blocos de cerâmica) que podiam deixar os astronautas na mão a qualquer momento.
Com isso, cada vez mais a praticidade foi sendo descartada em nome da segurança, e a nave nunca cumpriu a promessa de transformar as idas à órbita baixa da Terra em algo rotineiro.

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