sexta-feira, 8 de julho de 2011

Voo do Atlantis põe fim à era dos ônibus espaciais


A despedida dos ônibus espaciais da Nasa pode finalmente começar hoje, com a decolagem do Atlantis para seu último voo.
Após a viagem, os EUA, país que levou o primeiro homem à Lua, ficarão por tempo indeterminado sem meios próprios de chegar ao espaço.
Para a missão de 12 dias com destino à ISS (Estação Espacial Internacional), a nave levará apenas quatro astronautas. É a menor tripulação desde 1983, porque não há ônibus espaciais de reserva para resgatá-los caso haja um problema após a viagem.
Numa emergência, o comandante Chris Ferguson, o piloto Doug Hurley e os especialistas de missão Sandy Magnus e Rex Walheim, veteranos em ônibus espaciais, terão de aguardar o resgate das naves russas Soyuz, que só poderão carregar um dos americanos por vez.
Primeiras naves espaciais reutilizáveis, eles estão em operação desde abril de 1981, quando substituíram oficialmente o programa Apollo.
ADEUS
O movimento para aposentar as naves ganhou força após o acidente com o Columbia, em 2003. Ele explodiu minutos após a reentrada na atmosfera terrestre, matando seus sete astronautas.
Esse foi o segundo desastre com um "shuttle". Em 1986, a nave Challenger, a primeira da frota, explodiu 73 segundos depois da decolagem, também vitimando os sete tripulantes.
O primeiro passo antes do anúncio do fim do programa foi a redução drástica do número de viagens.
Lançados como a conquista definitiva do espaço, os "shuttles", segundo a Nasa, seriam uma opção muito mais barata e segura.
No entanto, o custo de todo o projeto, até 2010, foi de US$ 209 bilhões, pouco menos que o PIB do Chile. Cada uma das missões, portanto, custou US$ 1,6 bilhão, valor bem distante do inicialmente divulgado pelo governo americano: US$ 20 milhões.
Críticos do programa afirmam que, com os ônibus espaciais, a Nasa ficou "confinada" à baixa órbita da Terra, em vez de se dedicar à exploração do espaço.
Mesmo com falhas, porém, o programa dos ônibus espaciais foi fundamental para o desenvolvimento da ciência em órbita. Eles transportaram a maior parte das peças e equipamentos para a montagem da ISS, além do telescópio Hubble, ambos revolucionários em suas áreas.
FUTURO INCERTO
Com a aposentadoria dos "shuttles", a Nasa fica sem naves para transportar seus astronautas à estação internacional, dependendo de "caronas" milionárias na nave russa Soyuz.
Países parceiros na construção da ISS, como os da Europa, manifestaram-se contra a Nasa por essa situação.
Enquanto isso, a nave substituta dos ônibus espaciais, o MPCV (Veículo Multifuncional Tripulado) não deve começar suas missões tripuladas antes de 2019.
Ela, no entanto, será usada para missões de longa duração, inclusive em uma eventual visita a Marte. As visitas à ISS ficariam a cargo da iniciativa privada.
A agência espacial tem financiado alguns desses programas particulares, mas eles também não têm data certa para começar a voar.
Por conta dessa indefinição, ex-astronautas resolveram criticar abertamente a política espacial dos EUA.
Neil Armstrong, o primeiro homem na lua, e outros astronautas escreveram uma carta aberta dizendo que a Nasa está "consideravelmente fora de rumo".
O administrador da Nasa, Charles Bolden, minimizou as críticas. Para ele, a Nasa irá "consolidar a liderança americana no espaço".
Apesar da expectativa, é possível que o lançamento seja adiado devido às condições climáticas (risco de fortes chuvas com raios) em Cabo Canaveral, na Flórida, onde fica o centro de lançamento.
Caso as tempestades se confirmem, a Nasa tem até este domingo para a decolagem do Atlantis. Depois, será preciso esperar uma semana por conta do tráfego espacial. A Força Aérea dos EUA já tem um lançamento marcado para esse período.

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